02 agosto 2009

UMA VERDADEIRA HISTÓRIA DE ESPIÕES

Na fotografia acima podemos apreciar um instantâneo de um daqueles populares filmes de espionagem, que se intitula Syriana e que foi estreado nos finais de 2005, protagonizado (entre outros) por George Clooney e cuja acção principal se centra nas disputas do Médio Oriente. Haverá quem ainda se lembre dele. O que é engraçado é que todos nós andamos tão entretidos por histórias ficcionadas de espiões que acabam por nos escapar as outras, as verdadeiras histórias de espiões que existem e, mesmo quando não podem ser abafadas, continuam a passar-nos por debaixo do nariz
A 15 de Outubro de 2003 uma bomba detonada por controlo remoto explodiu debaixo de um dos três jeeps blindados de um comboio diplomático que se deslocava na Faixa de Gaza. Na explosão, que destruiu o veículo, morreram três dos quatro ocupantes do jeep, que eram todos de nacionalidade norte-americana. As primeiras testemunhas que acorreram ao local (palestinianos) mencionaram posteriormente aos jornalistas que se conseguiam identificar duas armas no meio dos destroços, o que fez levantar as suspeitas entre os média que o comboio e as vítimas pudessem estar associados a uma operação da CIA…
Intrigante, numa região onde o radicalismo anti-americano compensa tanto como será o caso da Faixa de Gaza, as duas organizações palestinianas mais activas e radicais, o Hamas e a Jihad Islâmica foram rapidíssimas em dissociar-se da autoria daquele ataque. Um telefonema anónimo para a Agência noticiosa France Press atribuiu-o posteriormente aos Comités de Resistência Popular, organização que veio ainda mais tarde a declinar também a responsabilidade do atentado. Mas se a história já é confusa e opaca quanto à identificação dos autores do atentado ainda se torna mais quanto à identificação das vítimas…
A história depois posta a correr pelas autoridades norte-americanas também é completamente inverosímil: assim, as armas encontradas no local pertenciam a guarda-costas que seguiam no comboio; os seus outros membros eram diplomatas encarregues de entrevistar candidatos locais a Bolsas de Estudo Fulbright nos Estados Unidos… Surpreendentemente para uma comunicação social que quer saber tudo e num assunto com aquele potencial, as identificações das vitimas do ataque terrorista jamais vieram a ser conhecidas… E, por alguma causa obscura, o assunto depressa desapareceu da atenção mediática
Passado pouco tempo, já as autoridades norte-americanas culpavam as palestinianas por estas não cooperarem e por não fornecerem a assistência devida aos membros do FBI que haviam sido destacados para investigar a autoria do atentado, queixando-se de problemas de acesso e de contaminação no local do atentado, como se tudo não passasse de uma espécie de cenário de um CSI – Gaza… Enfim, uma verdadeira mistificação destinada ao consumo da opinião pública norte-americana, já que naquela terra todos sabem que quem quiser saber as identidades dos autores e mandantes, se estiver disposto a pagar por elas, obtêm-nas…

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