19 de Janeiro de 1979. John N. Mitchell (1913-1988), que fora o antigo procurador-geral dos Estados Unidos durante a Administração Nixon entre 1969 e 1972, sai em liberdade condicional da prisão federal onde cumprira até aí (apenas) dezanove meses da sentença de um total de dois e meio a oito anos a que fora condenado por conspiração, obstrução à justiça e perjúrio no quadro dos vários acontecimentos associados àquilo que veio a ser conhecido colectivamente por Caso Watergate. Se, de Watergate, aquilo que mais se retém é a resignação do presidente Richard Nixon em 8 de Agosto de 1974, em antecipação à sua demissão forçada, perde-se com frequência a perspectiva de que Richard Nixon arrastou consigo em todos aqueles processos 69 dos seus colaboradores, 48 dos quais foram considerados culpados nos tribunais. Mais do que um evento isolado, Watergate foi uma derrocada de pinos de bowling até ao próprio ocupante da Casa Branca. E John Mitchell, que superintendera a faceta executiva do aparelho judicial norte americano enquanto procurador-geral dos Estados Unidos será provavelmente o mais anacrónico de todos aqueles pinos. A completar a ironia haviam decorrido quase precisamente dez anos (22 de Janeiro de 1969) que John Mitchell tomara posse do cargo diante desse mesmo presidente que o arrastará para a ignominia da prisão.
Frequentemente, e agora cada vez com mais frequência, se refere a analogia do caso de Richard Nixon com o de Donald Trump. Há aspectos análogos, há outros muito distintos. Mas uma das formas que creio mais úteis de interpretar a tendência dos acontecimentos, pode não ter a ver com os acontecimentos que envolvem directamente o presidente, mas concentrarmo-nos antes no ritmo a que estão a ser derrubados os pinos de bowling que o rodeiam...
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