24 de Janeiro de 1969. Francisco Franco decretava o estado de emergência em Espanha. Depois do que acontecera em França em Maio de 1968, os países europeus, e por maioria de razão, as ditaduras, não se arriscavam a que a contestação dos estudantes universitários transbordasse para níveis que se tornassem incontroláveis. Há cinquenta anos, o ministro da Informação, Manuel Fraga Iribarne, anunciava um conjunto de medidas repressivas que o Diário de Lisboa do dia seguinte detalhava numa página interior (abaixo). Ali, um subtil, mas que não cremos casual, critério de paginação, anexava á notícia de primeira página uma outra da condenação de cinco nacionalistas bascos, numa sugestão que os problemas em Espanha eram mais complexos do que apenas a agitação estudantil em Madrid. Um pouco mais acima, lia-se que a situação em Paris ainda não fora totalmente pacificada. E, do outro lado da página, percebia-se que as cautelas não se cingiam apenas a este lado da Cortina de Ferro: do lado de lá, entre outras ditaduras, e por causa de um protesto, da (hoje famosa) imolação de um estudante checoslovaco (Jan Palach) que ocorrera alguns dias antes, as forças «da ordem» haviam entrado «em estado de alerta».
Sem comentários:
Enviar um comentário