20 de Janeiro de 1969. Em Lebach, povoação do estado alemão federal do Sarre, situada a uns 30 km da fronteira com a França e por volta das 03H00 da madrugada, dois homens armados acompanhados de um cúmplice, assaltaram os paióis do Batalhão Paraquedista 261, matando a tiro quatro dos guardas em serviço enquanto estes dormiam, e ferindo gravemente os dois restantes membros da guarnição. O produto do roubo torna-se ridiculamente desproporcionado quando em comparação com o massacre perpetrado: duas pistolas Walther P38 com 50 cartuchos de 9 mm e ainda três espingardas automáticas G-3, complementadas com mil munições de calibre 7,62 mm NATO. Foi realmente o aspecto sangrento do roubo, mais do que o facto dele ter ocorrido numas instalações militares, que mais chamou a atenção para o acontecido, a ponto de ele ser destacado para a primeira página da edição do Diário de Lisboa daquele dia (acima). A evocação deste acontecimento de há cinquenta anos tem também a pertinência de poder ser apresentado em contraponto aos acontecimentos de Tancos de há ano e meio e ao alarmismo então produzido por entendidos como o Nuno Rogeiro. Os assaltantes vieram a ser julgados no Verão de 1970: ambos foram condenados a prisão perpétua (por causa dos homicídios); o cúmplice que os acompanhava foi-o a seis anos de prisão. Um dos réus ainda permanecia preso em 2016. Quando percebemos do assunto em notícia, aí conseguimos colocá-lo em contexto; quando não percebemos, o que acontece numa maioria de vezes, a ideia seria contar com alguém - os jornalistas - que o fizesse por nós: a notícia acima enfatiza a gravidade do que aconteceu mas sem perder a sobriedade. A comparação do como era com o como é, mostra o que é que mudou na informação nestes cinquenta anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário