Começo por avisar que esta notícia abaixo, com a pretensa checkagem dos resultados da execução orçamental portuguesa é uma montagem: escusam de a ir procurar ao Observador porque a notícia não está lá. Mas atenção: a primeira parte da notícia, os resultados da execução orçamental, são mesmos verdadeiros, o que eu forjei foi esta pretensa iniciativa daquele mesmo jornal em checkar o apuramento de contas feito pelo Eurostat. A habilidade da utilização destas rúbricas de fact check para fins políticos consiste precisamente no critério com que se elegem os factos a serem checkados. E este caso não presta para o Observador: não só a confirmação (muito provável) da sua veracidade representaria um bónus ao governo, como o carácter neutro do seu autor (o Eurostat) nem sequer lhes permitiria inseminar a dúvida quanto à objectividade de quem fez as contas. A ironia da situação é que o trimestre em questão parece ter sido atípico - já o diziam as conclusões apresentadas a semana passada pelo Conselho das Finanças Públicas. E nesse âmbito e por causa disso, faria todo o sentido checkarem-se os factos do que terá acontecido/estará a acontecer. Mas como qualquer conclusão a que se chegasse nunca afectaria negativamente a imagem governamental, não será coisa com que o Observador perca tempo. Sim, porque se a preocupação aparente do jornal é com os factos, o que ele quer concluir com os factos tem sido sempre de natureza política, não tem nada a ver com o que lhe está associado, neste caso, finanças públicas.
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