22 de Janeiro de 1979. Quem visse estas imagens recolhidas pela Associated Press no dia seguinte numa rua comercial de Beirute, com carros destruídos e edifícios danificados, jamais se poderia aperceber da importância do que ali acontecera. Ali Hassan Salameh (1940-1979) era o chefe de operações da organização palestiniana Setembro Negro cuja notoriedade mundial se produzira seis anos e meio antes (no Verão de 1972), ao patrocinar o sequestro em Munique da delegação israelita aos Jogos Olímpicos. A retaliação engendrada pelos israelitas sobre os autores do que veio a ser um massacre dos reféns, veio a ser popularizada pelo filme Munich de Steven Spielberg (2005). Mas nem mesmo esse filme exibe a operação retaliatória israelita de há quarenta anos contra Ali Salameh, aquele que terá sido o principal responsável operacional pelo que acontecera em Munique. A carrinha Chevrolet em que ele seguia naquela tarde (15:35) com os seguranças, passou mesmo ao lado de um Volkswagen carocha carregado com 100 kg de explosivos, que foram detonados à distância à sua passagem por um agente do Mossad. Quatro guarda-costas de Salameh e mais quatro transeuntes morreram na explosão. O visado ainda sobreviveu mas, apesar de transportado de imediato para um hospital, morreu meia hora depois enquanto estava a ser operado. Outras dezasseis pessoas ficaram feridas. A casualidade como os afectados parecem lidar com a situação no vídeo acima explica-se pelo facto de, desde há quatro anos, o Líbano viver uma destrutiva guerra civil em que tais incidentes eram comuns. O tempo veio demonstrar que Ali Hassan Salameh fora também um canal de comunicação entre a OLP e a CIA, e, por causa disso (mas não só...), especula-se que esse estatuto o terá levado a pensar que o colocaria razoavelmente a coberto das intenções vingativas dos israelitas. Enganou-se. Nas notícias do dia seguinte (abaixo), a OLP, numa raiva despeitada, proclamava que «decidira intensificar a luta contra Israel». E então?...
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