25 janeiro 2019

AINDA SE LEMBRA COMO ERA IMPORTANTE A GRÉCIA DE HÁ QUATRO ANOS?


25 de Janeiro de 2015. Realizam-se eleições legislativas na Grécia em que, pela primeira vez, o Syriza, além de as ter vencido, quase alcançou a maioria absoluta da representação parlamentar (149 em 300 lugares), vindo posteriormente a formar governo em coligação com uma formação política nacionalista de direita. Mas a data precisa das eleições é apenas pretexto para evocar e relembrar o que aconteceu nas semanas que se seguiram entre certos círculos político-informativos portugueses, que desencadearam uma ferocíssima barragem opinativa sobre o que acabara de acontecer no outro canto da Europa. A razão de tal afã é hoje perfeitamente evidente: combater o efeito de contágio, nem que para isso, e por algum tempo e de uma forma que a distância temporal tornou ridícula, quisessem tornar a Grécia um dos países europeus mais importantes do panorama noticioso nacional. Hoje, que já se conhecem os desenvolvimentos da história (além do Syriza ter tornado a vencer outras eleições em Setembro seguinte, foi encerrado o procedimento por défice excessivo, a economia do país está a gerar excedentes primários - e tudo isso sob a égide do Syriza!), é de toda a justiça evocar quem então se prestou a emitir tais opiniões... para sobretudo compreender a quantos deles lhes assaltou, a respeito do tema, aquele sentimento - sempre nobre - da contrição. É que entre as figuras abaixo está Paulo Almeida Sande, que Pedro Santana Lopes escolheu para cabeça de lista do seu partido às próximas europeias. É para nós não nos esquecermos, apesar de só se terem passado quatro anos...
Como nota de rodapé e ainda a respeito da Grécia de há quatro anos, gostaria de relembrar que, se a cobertura do enviado especial da RTP a essas eleições (José Rodrigues dos Santos) se tornou famosa e caricata pelo seu facciosismo, e por isso escolhi uma das suas intervenções para encabeçar este poste, a da SIC (de que não se fala), não lhe fica atrás em incompetência. Logo no primeiro minuto da reportagem abaixo o enviado especial Pedro Cruz consegue enganar-se consecutivamente dizendo que em Portugal há 260 deputados (não: são 230) e que na Grécia são 500 deputados (não: são 300). A partir daí, Pedro Cruz entusiasma-se com uma diatribe baseada no facto do «parlamento grego ter perto do dobro do número de deputados em Portugal» (0:50s). Por acaso, é mentira. Olhem se isto fosse discutido como o são os erros de arbitragem ou como se no Bloco de Esquerda se tivesse verdadeiro interesse em denunciar as incompetências dos repórteres de televisão...

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