13 janeiro 2019

CRÓNICA DE UMA COREOGRAFIA ANUNCIADA

Pronto, aí está! Não se pode dizer que tivesse sido surpresa esta coisa de Luís Montenegro. A atitude, mas sobretudo o patrocínio do Observador (ainda há um mês aqui o antecipava). E o engraçado é que o episódio tem escassos dias, mas já vemos aquela publicação entusiasmada, com sentido de missão e em velocidade de cruzeiro, a terçar armas pelo candidato que ainda não o é. Uma oportuna sondagem (abaixo) reveste-se logo da virtude de pôr o PSD a atingir «mínimos históricos», com isso robustecendo a argumentação de Montenegro e a oportunidade do desafio. Será isso verdade, a crise? Nada melhor do que consultar a página da Marktest, que exibe o histórico das sondagens de todas as empresas do ramo desde Setembro de 2009 (mais abaixo). Se esta é uma crise, comparemos com as crises dos últimos dez anos. A evolução dos resultados do PSD está naturalmente assinalado a cor de laranja. As eleições estão assinaladas por traços verticais. O pequeno rectângulo a amarelo e com moldura preta abrange a banda dos 25 a 30% das intenções de voto que o PSD não tem conseguido superar desde que Rui Rio se tornou presidente do partido há menos de um ano. Mas repare-se que não foi com o actual presidente do PSD, mas antes com o seu antecessor, que as intenções de voto nas sondagens no partido desceram até aquela banda dos 25 a 30%. A culpa de Rui Rio é a de não conseguir fazer subir o partido desses valores que herdou e nisso, quem critica Rio exigindo resultados, tem objectivamente razão. Porém, interessante para avaliar a coerência do desafiante Montenegro, é o outro rectângulo amarelo, emoldurado a vermelho, que assinala os seis anos (2011-17) em que Luís Montenegro presidiu ao grupo parlamentar do PSD e os resultados que o partido ia obtendo nas sondagens, sem que ele manifestasse o incómodo de que agora se fez porta-voz. Talvez porque, e o mapa da Marktest demonstra-o claramente, o aproximar das datas de eleições e a realização das mesmas provoque substanciais alterações nos dados anteriores. Tendo-o dado por mais do que uma vez a Passos Coelho, porque é que, desta vez, Luís Montenegro, não quer mesmo dar o benefício da dúvida a Rui Rio?... É porque já estão a elaborar as listas de deputados e então assim é adeus empregos, é?

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