Eu adoro esta cena de Astérix e o Caldeirão. Começa por um daqueles equívocos típicos das peças do clássico Théâtre de Boulevard francês – em que sentido deve fluir o dinheiro, dos romanos para os gauleses ou vice-versa? Quem paga a quem? – mas rapidamente evolui para uma daquelas cenas de nonsense britânico clássico - o legionário que se pergunta se agora é preciso pagar para se ser legionário ou o que, conciliador, propõe a formação de uma comissão. Superior a qualquer dessas duas escolas de humor, Obélix atravessa a transição impoluto e igual a si mesmo. Como ele próprio esclarece: - Eu próprio não percebi lá muito bem, mas o Astérix explica-vos.
No fim, a cena conclui-se pela constatação da insatisfação recíproca: não há dinheiro para ninguém, gauleses ou romanos e a sentinela ao fim vai ser o último a descobrir isso mesmo. Mas é a propósito dessa falta de dinheiro, que me lembrei da cena mais a exposição do caso Banif (que se descobre muito maior do que se concebera até aqui), onde tenho escutado e lido inúmeros comentários a propósito. Nem todos são concordantes, mas não me parecem muito divergentes. Com as excepções expectáveis. Excepções que as circunstâncias dos acontecimentos fazem parecer da autoria de um Monty Phyton ou de um Groucho Marx, tanta é a falta de senso evidenciam.
Mas que mesmo assim parece imperativo aparecerem expressas, seja por necessidade de notoriedade, por estupidez e/ou por dever de ofício! Mas é numa resposta no mesmo sentido bufão – que é a única resposta que aquele tipo de opiniões merece - que me apetece bater-lhes, não a sério para que se aleijassem, mas no mesmo sentido figurado como Uderzo desenhava os romanos após passarem pelas mãos de Obélix (Paf!), desaparecidos pelo ar, fora de vista, com as sandálias desapertadas pelo chão e um par de molares a levitar no sítio onde estivera a boca... Bater a sério (se não for pedir muito...), só nos responsáveis que conduziram o(s) banco(s) à situação em que foram encontrados: BPP, BPN, BES....
Sem comentários:
Enviar um comentário