Entre os incidentes de transição mais bizarros de que me recordo está aquele que foi imaginado pelo staff da administração Clinton quando, em Janeiro de 2001, resolveu retirar a tecla W de dúzias de teclados dos computadores da Casa Branca, imediatamente antes da posse daquele que seria o sucessor de Bill Clinton, George W. Bush. As transições estão cheias de golpes baixos e esta, a ser excepcional, é porque seria pior que outras. Compete a quem herda o poder fazer o papel de ofendido. Mas o que considero renovador no tom, mais do que no teor, da notícia de que este governo vai ter que elaborar um orçamento literalmente de base zero, é a mudança de atitude, deferente, que a comunicação social dita de referência sabe sempre adoptar em tempo para com quem se torna poder em contraste com quem o já não é. Se os socialistas se tivessem queixado preventivamente há quinze dias de que isto iria acontecer, tenho a certeza que a notícia do Expresso (e é apenas um exemplo...) seria completamente diferente daquela que hoje é publicada.
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