A publicidade televisiva às próprias televisões contém um daqueles paradoxos engraçados de que os consumidores raramente se aperceberão: é que os elogios que normalmente se fazem à qualidade e nitidez das imagens do equipamento publicitado estão condicionados pela qualidade e nitidez do equipamento receptor que o próprio consumidor tem em casa... Se as imagens do televisor novo lhe parecem muito mais nítidas isso só pode acontecer por artifício, porque elas lhe chegam através do televisor a que o espectador está acostumado... Algo de estruturalmente semelhante acontecerá quando leio no facebook quem publica reflexões de pensadores que são fortemente críticas quanto à forma como a internet, as redes sociais e, no caso concreto abaixo, o próprio facebook são indutores de formas viciadas e limitadas de pensar. Apresentadas no suporte em que o são, precisamente o que é criticado, não se tornarão essas críticas por sua vez, deficientes por causa das mesmas explicações que elas próprias prestam?
Não fosse assim, e como é que se aceitaria este mimo de indigência mental que lá se pode ler, que é o apelo para tweetar a frase? (A frase, note-se. Não o pensamento nela contido...)
Adenda: Nem de propósito, no dia seguinte ao da publicação deste poste, apareceu uma notícia que houvera um estudo que tentara encontrar uma ligação entre as pessoas que avaliam como profundas as típicas frases inspiradoras que invadem as redes sociais e os respectivos níveis de inteligência. A conclusão não é benévola para os visados, mas não deixa de ser sintomática da modernidade dos tempos que haja que recorrer ao argumento dos estudos ditos científicos para persuadir os mais estúpidos daquilo que os que o não são dão facilmente por adquirido.
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