A ocasião era o congresso fundador da Terceira Internacional que se realizou em Março de 1919 em Moscovo. As vedetas principais do acontecimento eram, evidentemente, Lenine e Trotsky cujo aparecimento nos trabalhos foi saudado estrondosamente por todos os restantes delegados. O segundo, projectado para a fama como o dirigente máximo de um Exército Vermelho em plena guerra civil, aproveitou a ocasião para no seu discurso flagelar algumas teses despropositadas de ideólogos marxistas mais moderados:
- (…) Porque é que Kautsky¹ se atreveu a acusar-nos de cultivarmos o militarismo!? Pois a mim parece-me que se quisermos que o poder se mantenha nas mãos dos trabalhadores, então temos que lhes mostrar como se utilizam aquelas mesmas armas que foram eles próprios a forjar. E se isso é militarismo, então que o seja! Criámos o nosso próprio militarismo socialista e não vamos renunciar a ele! (…) Estamos prontos para lutar e morrer pela Revolução Mundial!
E o auditório quase veio abaixo com os aplausos! Arthur Ransome, um jornalista britânico encarregado pelo The Guardian de cobrir o Congresso e uma das raras pessoas presentes que não era devotamente engajada à Causa, descreveu o orador envergando um casaco de couro, calções e polainas militares e um barrete de pele com uma grande estrela vermelha frontal (…), o que constituía uma estranha figura para quem fora conhecido como um dos maiores anti-militaristas da Europa.
Na verdade, a mediocridade no jornalismo não é de hoje, e Ransome mostrava que nunca devia ter lido os textos teóricos de Trotsky (que não são nada anti-militaristas…) além dos seus conhecimentos de russo e alemão² também não seriam dos melhores. Depois da indumentária de Trotsky acima, o aspecto mais interessante da sua cobertura jornalística referiu-se ao incidente em que, por deficiência da máquina, o fotógrafo oficial ainda obrigou o orador a retomar a tribuna depois de já ter acabado o discurso³…
- (…) Porque é que Kautsky¹ se atreveu a acusar-nos de cultivarmos o militarismo!? Pois a mim parece-me que se quisermos que o poder se mantenha nas mãos dos trabalhadores, então temos que lhes mostrar como se utilizam aquelas mesmas armas que foram eles próprios a forjar. E se isso é militarismo, então que o seja! Criámos o nosso próprio militarismo socialista e não vamos renunciar a ele! (…) Estamos prontos para lutar e morrer pela Revolução Mundial!
E o auditório quase veio abaixo com os aplausos! Arthur Ransome, um jornalista britânico encarregado pelo The Guardian de cobrir o Congresso e uma das raras pessoas presentes que não era devotamente engajada à Causa, descreveu o orador envergando um casaco de couro, calções e polainas militares e um barrete de pele com uma grande estrela vermelha frontal (…), o que constituía uma estranha figura para quem fora conhecido como um dos maiores anti-militaristas da Europa.
Na verdade, a mediocridade no jornalismo não é de hoje, e Ransome mostrava que nunca devia ter lido os textos teóricos de Trotsky (que não são nada anti-militaristas…) além dos seus conhecimentos de russo e alemão² também não seriam dos melhores. Depois da indumentária de Trotsky acima, o aspecto mais interessante da sua cobertura jornalística referiu-se ao incidente em que, por deficiência da máquina, o fotógrafo oficial ainda obrigou o orador a retomar a tribuna depois de já ter acabado o discurso³…
¹ Karl Kautsky (1854-1938), político e filósofo austríaco de inspiração marxista.
² Embora o idioma oficial da Terceira Internacional fosse o alemão, o russo era obviamente também muito usado.
³ A fotografia em que Trotsky discursa é posterior aos acontecimentos. É da autoria de Robert Capa e foi tirada em 1932 em Copenhaga.
² Embora o idioma oficial da Terceira Internacional fosse o alemão, o russo era obviamente também muito usado.
³ A fotografia em que Trotsky discursa é posterior aos acontecimentos. É da autoria de Robert Capa e foi tirada em 1932 em Copenhaga.
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