07 outubro 2010

APENAS A MANEIRA D´ELES SEREM

Morreu há quase duas semanas, tão discretamente como viveu, Gennady Yanayev (1937-2010), que ocupou o cargo de Vice-Presidente da União Soviética durante a fase terminal da Era Gorbachev (acima). Vice-Presidente era um cargo que nunca existira na organização do Estado Soviético até Yanayev ter sido escolhido para o ocupar em Dezembro de 1990, aquele que era um daqueles cargos de equilíbrios que em tempo de rupturas é ocupado por pessoas consensualmente cinzentas.
Terá sido esse perfil e essa proeminência de Vice-Presidente que projectaram para a ribalta um Gennady Yanayev de outro modo discreto durante aqueles dois dias atribulados do Golpe de Agosto de 1991. Porém, note-se como na fotografia da Conferência de Imprensa ele (o segundo a contar da direita) parece ser apenas mais um entre o colectivo de conspiradores, com o lugar central do destaque a ser ocupado por Boris Pugo (1937-1991), o então Ministro do Interior e único que se veio a suicidar.
Naquele último estertor do marxismo-leninismo da mais fina pureza institucional que, por analogia com um episódio da nossa história recente envolvendo generais e uma brigada, poderia também ser baptizado de O Politburo do Reumático, Yanayev foi apenas um figurante muito secundário de um regime caduco do último Império colonial que se então desmoronava embora sem necessidade de descolonizações formais.


Numa despedida e homenagem a Yanayev e a tantos outros camaradas como ele que por aí pululam e vão desaparecendo, deixo-vos a letra de uma ode ao conservadorismo nostálgico numa música de Billy Joel de 1977 – The Way You Are (acima):
 
Don't go changing, to try and please me,
You never let me down before,
Don't imagine, you're too familiar,
And I don't see you anymore.

I would not leave you, in times of trouble,
We never could have come this far,
I took the good times, I'll take the bad times,
I'll take you just the way you are.
Don't go trying, some new fashion,
Don't change the colour of your hair,
You always have my, unspoken passion,
Although I might not seem to care.

I don't want clever, conversation,
I never want to work that hard,
I just want someone, that I can talk to,
I want you just the way you are.

I need to know that you will always be
The same old someone that I knew,
What will it take till you believe in me,
The way that I believe in you?

I said I love you, and that's forever,
And this I promise from the heart,
I couldn't love you, any better,
I love you just the way you are.

I don't want clever, conversation,
I never want to work that hard,
I just want someone, that I can talk to,
I want you just the way you are.

2 comentários:

  1. Eu lembro-me de Yanaiev, de ver a sua face algo canina aquando do golpe, e de ficar impressionado com o tamanho da sala onde se realizava a conferência de imprensa. Nunca mais ouvi falar dele, e menos ainda da sua morte.

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  2. Se o Golpe tivesse vingado - e eu acho que já aqui confessei que cheguei a acreditar que vingaria - Yanayev era indispensável para, como Vice-Presidente da URSS, dar ao que se sucedesse uma aparência de legalidade - deu para perceber que a ideia deles era «adoentar» Gorbachev.

    Mas depois, tenho quase a certeza absoluta que seria "dialecticamente" descartado.

    Note-se que escrevi «dialecticamente descartado» porque naqueles tempos considerava-se que o desperdício e deitar coisas fora eram vícios intrínsecos do sistema capitalista - com o socialismo aproveitava-se tudo...

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