Uma das notícias do momento é a do mais moderno submarino nuclear britânico que encalhou embaraçosamente quando recolhia de forma rotineira à sua base naval na Escócia depois de ter participado no desfile naval com que todos os anos a 21 de Outubro os britânicos celebram a sua Vitória de Trafalgar há 205 anos atrás… E, embora não o tivesse visto ainda noticiado (que os tablóides pouco ligam a estes incidentes), há que concluir como há pessoas que têm mesmo azar, são aquilo que os brasileiros chamam de pé-frio… Não é que a madrinha do submarino azarado, o HMS Astute, que entrou ao serviço da Royal Navy¹ a 27 de Agosto passado, é a controversa Camilla, Duquesa da Cornualha (abaixo)?
¹ Por ignorância, o i noticia que o submarino foi lançado ao mar em Agosto (de 2010). Mas esses são apenas um par de erros menores no ror de disparates que encontrei escritos a propósito desta notícia. Qualquer coisa de fazer orgulhar a classe dos jornalistas!
Assim, para o jornalista do Sol um submarino nuclear da marinha inglesa está envolvido num acidente na costa da Escócia, descrevendo o que poderia ser interpretado como um potencial caso de Guerra entre as marinhas inglesa e... escocesa. O que escreveu a notícia para a TVI24 também não sabe a distinção entre inglês, escocês e britânico e preferiu até dar destaque a essa possibilidade de guerra civil escolhendo para título Submarino nuclear inglês encalha na Escócia. Mais: pela descrição que fez, tratar-se-á de um submarino bizarro, com o formato de um cabo metálico grosso com cerca de 7,8 toneladas (7.800 na realidade...) e 100 metros de comprimento. Quem redigiu a notícia para a Euronews também se destacou pelos sua ignorância técnica: Um submarino nuclear da marinha inglesa, idêntico ao que vemos nas imagens, encalhou no noroeste da Escócia (o HMS Astute é o único submarino da sua classe, não existe nenhum idêntico…) ou então o submarino HMS Astute pertence à nova frota de submarinos britânicos com reactor nuclear (a Royal Navy têm submarinos movidos a energia nuclear desde 1963...).
Voltando aos erros iniciais cometidos pelo jornal i, o HMS Astute foi lançado à água (e não ao mar…) em Junho de 2007 e não em Agosto de 2010, altura em que entrou ao serviço da Royal Navy. Mas, comparado com o panorama acima, será que podemos exigir ao jornalista Gonçalo Venâncio que ele tenha que saber que qualquer navio de guerra, entre o lançamento e a entrada ao serviço, é submetido a um prolongado conjunto de testes que se podem prolongar por anos? Eu creio firmemente que sim, mas como parece haver por aí tanta condescendência por aqueles jornalistas medíocres mas aplicados…
Assim, para o jornalista do Sol um submarino nuclear da marinha inglesa está envolvido num acidente na costa da Escócia, descrevendo o que poderia ser interpretado como um potencial caso de Guerra entre as marinhas inglesa e... escocesa. O que escreveu a notícia para a TVI24 também não sabe a distinção entre inglês, escocês e britânico e preferiu até dar destaque a essa possibilidade de guerra civil escolhendo para título Submarino nuclear inglês encalha na Escócia. Mais: pela descrição que fez, tratar-se-á de um submarino bizarro, com o formato de um cabo metálico grosso com cerca de 7,8 toneladas (7.800 na realidade...) e 100 metros de comprimento. Quem redigiu a notícia para a Euronews também se destacou pelos sua ignorância técnica: Um submarino nuclear da marinha inglesa, idêntico ao que vemos nas imagens, encalhou no noroeste da Escócia (o HMS Astute é o único submarino da sua classe, não existe nenhum idêntico…) ou então o submarino HMS Astute pertence à nova frota de submarinos britânicos com reactor nuclear (a Royal Navy têm submarinos movidos a energia nuclear desde 1963...).
Voltando aos erros iniciais cometidos pelo jornal i, o HMS Astute foi lançado à água (e não ao mar…) em Junho de 2007 e não em Agosto de 2010, altura em que entrou ao serviço da Royal Navy. Mas, comparado com o panorama acima, será que podemos exigir ao jornalista Gonçalo Venâncio que ele tenha que saber que qualquer navio de guerra, entre o lançamento e a entrada ao serviço, é submetido a um prolongado conjunto de testes que se podem prolongar por anos? Eu creio firmemente que sim, mas como parece haver por aí tanta condescendência por aqueles jornalistas medíocres mas aplicados…
Caro António
ResponderEliminarNunca gostei muito de generalizações, embora reconheça que, às vezes, é a forma mais simples de evidenciar uma questão.
No caso em concreto, sou testemunha prática do que sempre houve mau, mas também bom jornalismo.
E exemplifiquei bom jornalismo com o que tem sido o percurso do Pedro que bem conheço.
Por haver muita incompetência no jornalismo, não quer dizer que não haja quem confirme essa regra, sendo excepção...
Um abraço e obrigado pela distinção.
MFA
São notícias ao bom estilo de: "Cada tiro, cada minhoca" ou "cada cavadela, cada melro".
ResponderEliminarCaro Miguel
ResponderEliminarTanto quanto o efeito que as generalizações produzirão em ti, a mim são as confusões que me incomodam, nada que uma explicação não tente posteriormente resolver. E no caso, a confusão é entre o que considero jornalismo e aquilo que designarei por actividade opinativo-política utilizando órgãos de comunicação social.
Se atentaste às críticas ao trabalho de (verdadeiro) jornalismo que escrevi em anexo a este poste, considero-as completamente objectivas, para mais sobre um tema naval que a ti, filho de oficial da Armada, suponho não te deixar indiferente. Em qualquer dos exemplos (estão lá as ligações às páginas originais), é manifesta a falta de preparação, conhecimentos e dedicação de quem redigiu as notícias.
É diferente com as actividades opinativo-políticas dos jornalistas mais graduados como suponho ser o caso do Pedro Correia. Assim, para dar exemplos concretos, eu apenas posso discordar do arrebatamento pelos “pais do coração” como a Fernanda Câncio noticiou o “Caso Esmeralda”, mas não posso afirmar que a opinião dela esteja errada. Analogamente e no caso do Pedro Correia, o que será “do coração” é o PSD, mais especificamente uma das suas facções, mas também não é objectivo dizer que ele está errado.
Um caso e outro servirão certamente para vender ainda mais papel, mas não levo a hipocrisia ao ponto de esconder a minha opinião sobre o que aquilo não é: jornalismo. Muito menos bom jornalismo. Nunca apreciei o desempenho de figurantes como Ribau Esteves ou José Luís Arnaut e também não aprecio quem quer desempenhar o mesmo papel por escrito através dos jornais.
Já mencionei aqui no blogue alguns casos e poderia citar outros daquilo que considero bom jornalismo, com investigação, com raciocínio, com “mão-de-obra”, mesmo que aconteça que depois venha a discordar completamente das conclusões por causa dos pressupostos. É o caso do Luís Naves e do seu pan-europeismo que sempre considerei ingénuo. Mas esta é a minha opinião… e pelos vistos bem diferente da tua.
Porém, creio que estás a baixar a fasquia da exigência até aquilo que considero um nível demasiado medíocre quando escolhes para exemplo do problema das lacunas do jornalismo actual (a falta de)o reconhecimento visual de “um muito prestigiado jornalista e um ex-líder partidário muito conhecido na década de 90”, como escreveste. É que os jornalistas podem passar a identificar de vista os oito últimos secretários-gerais do PSD e toda a redacção do Diário de Notícias e continuar medíocres…
Um abraço, com um pedido para que não me agradeças uma distinção que não fiz. Distinção, ter-te-ia feito pessoalmente de uma próxima vez, quanto te iria recordar que já em tempos muito recuados te ouvira referências a produtos como manteiga e graxa a propósito de comentários bem menos elogiosos de um destinatário do que este texto que agora escreveste para o Delito de Opinião…
Renovando o abraço, discordante mas sincero
A.Teixeira
António, como sempre avassalador!
ResponderEliminarUm abraço,
MFA