10 setembro 2007

O PART-TIME DO PRESIDENTE DA CÂMARA

Não sou munícipe de Santarém, por isso não tenho interesse directo no assunto que vou abordar, mas não haja dúvidas que me intriga a frequência das presenças de Moita Flores em consecutivos telejornais e demais programas da SIC (enquanto escrevo é o da Fátima Lopes…) com os seus contributos enquanto criminalista (seja lá o que isso for…) para os debates e análises sobre o caso da miúda inglesa que desapareceu no Algarve.
Não tenho ideia do tempo que consumirá o exercício da função de presidente da câmara mas, a julgar pela esmagadora maioria dos outros 300 exemplos existentes em Portugal, será tarefa a exigir dedicação quase total, o que visivelmente não se compadece com o aparente part-time de consultor televisivo do presidente da autarquia escalabitana… A não ser que aparecer na televisão seja, só por si, função representativa e, como tal, remunerada…

Que se defenda que os políticos desenvolvam outras actividades que não os tornem dependentes da política é uma coisa, isto parece-me outra. Enfim, aos escalabitanos competirá julgar e a mim, nas minhas modestas possibilidades, assegurar que eles julguem bem…

2 comentários:

  1. Antigamente, a Polícia Judiciária costumava trabalhar em silêncio, em segredo, para não espantar a caça.
    Era uma espécie de Moita carrasco.
    Hoje, ninguém resiste a palrar diante de um microfone e uma câmara.
    É Moita a distribuir as Flores do seu saber, trocando a sua Câmara por outras,neste bailado de comentadores. É a fruta da época...

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  2. Numas eleições autárquicas anteriores, o PP de Paulo Portas lembrou-se de pegar numa outra cara da televisão, Nicolau Breyner, a concorrer à presidência da câmara de Serpa, de onde Breyner é natural. O PP esteve quase a ganhar as eleições. Mas enternecedor mesmo era ouvir o discurso do candidato-actor tecendo loas às suas origens rurais e aos prazeres da vida no campo. Ouviu-se falar muito de Serpa na altura. Hoje o episódio é uma nota de rodapé. Suponho que Breyner não tenha sido um vereador particularmente memorável…

    Pelos vistos, os “eles” – políticos – “que prometem tudo antes e só vão para lá para se encherem” também são os eles – nós e aqueles que julgamos conhecer – quando nos vimos em situações idênticas. Como se vê neste caso de Moita Flores, nada substitui o escrutínio atento dos seus gestos no durante, para não haver lamentos no depois…

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