Está a aproximar-se a quadra em que, há 30 anos, o Papa João Paulo II veio pedir aos fiéis católicos que acendessem uma vela para a colocarem à janela. O seu apelo era feito mais como polaco do que como pontífice. Também a ampla resposta que recebeu pelo Mundo fora, no quadro da Guerra-Fria então ao rubro, terá transcendido muito os seus seguidores católicos. Todas aquelas velas destinar-se-iam a assinalar a imposição da Lei Marcial na Polónia em 13 de Dezembro de 1981 – um acontecimento que não vi muito evocado na panóplia das efemérides recentes. Não era a primeira – nem seria a última... – das contradições colossais em que o socialismo real do Leste se espalhava e em que o comunismo idílico do Ocidente se via em palpos de aranha para conseguir explicar os factos… aos camaradas.
É verdade que já houvera outros episódios anteriores (por exemplo, em Berlim Leste em 1953) onde, como na Polónia de 1981, os regimes ditos dos trabalhadores perseguiam os trabalhadores propriamente ditos e as estruturas sindicais (acima, o Solidariedade). Todavia, o protagonista do regime que então impunha a Lei Marcial à Polónia abalava mais outro mito da propaganda comunista: se nesta os soldados e as baixas patentes podiam ser revolucionários (como no Portugal do PREC), a regra era que os generais eram sempre reaccionários (e o exemplo clássico daquela época era Pinochet). Com a figura de Wojciech Jaruzelski (abaixo), os comunistas precisavam aplicar-se no mais apurado contorcionismo revolucionário para explicar aquela nova figura de um general que repressão política… mas por bons motivos.
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