Depois de desembrulhar as prendas deste ano, ocorreu-me quanto, como acontecia outrora com os brinquedos, considero imprescindível manter com os livros uma relação lúdica. Outrora, misturava-se a inveja com o desdém para com os autores daqueles preciosismos do modelismo cujas obras-primas praticamente destruíam as possibilidades de se chegar a brincar com as miniaturas (abaixo). Eram eles que dominavam (e dominam) a opinião publicada no que respeita ao mundo dos brinquedos em miniatura. Dei por mim concluindo que se passa algo de muito semelhante – embora o excesso seja em sentido diametralmente inverso – entre aqueles que aparecem publicamente como os dominadores da opinião no mundo dos livros.
Como as aventuras em que os brinquedos em miniatura poderiam participar, também o mundo editorial pode ser vastíssimo, quase infinito. Todavia, parece-me haver um desequilíbrio absurdo entre a forma como se divulgam os livros que são obras de ficção e aqueles que o não são. Por exemplo, aceita-se que se escreva um encómio sobre um romance a respeito da Guerra Civil de Espanha (abaixo), mas sem que se sinta a mínima necessidade de adicionar sugestões de leitura sobre a História desse mesmo conflito. Inversamente, é prática comum que, nos casos raros em que a crítica incida sobre uma obra de não ficção, sejam adicionadas sugestões de leitura de obras de ficção daquela época… Parece assim que só a ficção proporcionará o prazer da leitura...
Na realidade, sabe-se que a maioria dos leitores de um romance do género não conhecerão à partida o período histórico com detalhe suficiente para apreciar na sua plenitude o desenrolar da história imaginada pelo autor da obra de ficção. Nos antípodas do que acontecia com a rigidez excessiva dos maiorais do modelismo, aqui no caso dos livros abusa-se vezes demais da permissividade e, para não o insultar na sua ignorância, convida-se o leitor dessas obras mais exigentes a, à portuguesa, acompanhar a história tirando umas pelas outras. Descrito de um outro modo, se os modelistas não nos deixavam, às crianças, fantasiar, os críticos literários parecem não querer que nós, os leitores, façamos outra coisa senão isso…
Como as aventuras em que os brinquedos em miniatura poderiam participar, também o mundo editorial pode ser vastíssimo, quase infinito. Todavia, parece-me haver um desequilíbrio absurdo entre a forma como se divulgam os livros que são obras de ficção e aqueles que o não são. Por exemplo, aceita-se que se escreva um encómio sobre um romance a respeito da Guerra Civil de Espanha (abaixo), mas sem que se sinta a mínima necessidade de adicionar sugestões de leitura sobre a História desse mesmo conflito. Inversamente, é prática comum que, nos casos raros em que a crítica incida sobre uma obra de não ficção, sejam adicionadas sugestões de leitura de obras de ficção daquela época… Parece assim que só a ficção proporcionará o prazer da leitura...
Na realidade, sabe-se que a maioria dos leitores de um romance do género não conhecerão à partida o período histórico com detalhe suficiente para apreciar na sua plenitude o desenrolar da história imaginada pelo autor da obra de ficção. Nos antípodas do que acontecia com a rigidez excessiva dos maiorais do modelismo, aqui no caso dos livros abusa-se vezes demais da permissividade e, para não o insultar na sua ignorância, convida-se o leitor dessas obras mais exigentes a, à portuguesa, acompanhar a história tirando umas pelas outras. Descrito de um outro modo, se os modelistas não nos deixavam, às crianças, fantasiar, os críticos literários parecem não querer que nós, os leitores, façamos outra coisa senão isso…
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