Um pouco mais de um mês depois do Diário de Notícias ter feito uma caixa com elas a que se seguiu um frenesim apontador, as pensões dos ex-políticos parecem ter-se sumido completamente do radar jornalístico. E se o processo permitiu a exposição de várias situações incómodas – os membros da escroqueria mais proeminente (salvo Isaltino de Morais) parecem estar lá todos na lista que foi publicada (acima) – também é verdade que a cobertura jornalística dada ao assunto está muito longe da transparência e objectividade. Por exemplo, referiu-se que a lista de antigos políticos que recebiam pensões englobava 400 nomes mas a lista completa dos nomes nunca veio a ser publicada, a opinião pública teve que se contentar com os seleccionados pelos jornalistas. Por outro lado, os órgãos de informação não deram um relevo equivalente à solução que procurou pôr termo a alguns dos absurdos denunciados inicialmente…
…mas que por acaso tornou outros mais evidentes: quando uma antiga juíza prefere manter a pensão que recebe como tal em vez do vencimento da segunda figura da hierarquia do Estado é porque se passa qualquer coisa de errado na grelha de remunerações dos nossos órgãos de soberania. Ou o presidente da Assembleia da República ganha vergonhosamente de menos ou os juízes ganham estupidamente de mais… Por outro lado, convém relembrar quanto estas pensões obtidas nas condições douradas de outrora estão dependentes da conivência tácita dos trabalhadores activos de agora. É que se estes se decidirem a denunciar unilateralmente o contrato social e preferirem deixar de descontar por falta de perspectivas de virem a receber as respectivas pensões quando for a sua vez, não creio que os fundos de pensões possam continuar a conseguir manter as generosidades existentes.
…mas que por acaso tornou outros mais evidentes: quando uma antiga juíza prefere manter a pensão que recebe como tal em vez do vencimento da segunda figura da hierarquia do Estado é porque se passa qualquer coisa de errado na grelha de remunerações dos nossos órgãos de soberania. Ou o presidente da Assembleia da República ganha vergonhosamente de menos ou os juízes ganham estupidamente de mais… Por outro lado, convém relembrar quanto estas pensões obtidas nas condições douradas de outrora estão dependentes da conivência tácita dos trabalhadores activos de agora. É que se estes se decidirem a denunciar unilateralmente o contrato social e preferirem deixar de descontar por falta de perspectivas de virem a receber as respectivas pensões quando for a sua vez, não creio que os fundos de pensões possam continuar a conseguir manter as generosidades existentes.
Excelente post. Penso que tanto as remunerações do Presidente da República e dos Deputados são vergonhosamente baixas, como as remunerações dos Juízes são estupidamente altas.
ResponderEliminarQueria escrever Presidente da Assembleia da República, mas na verdade também o Presidente da República tem uma remuneração vergonhosa.
ResponderEliminarMas neste momento os jornalistas têm muito mais interesse em cavalgar a onda populista e dominadora da desqualificação da actividade política, pelo que nunca se atreveriam a colocar essa hipótese.