Em Abril de 2009 popularizou-se um vídeo de uma das cerimónias de uma Cimeira da NATO onde Sílvio Berlusconi, imerso numa conversa telefónica, dava uma banhada à anfitriã, Angela Merkel. Como acontece com os fait-divers que acompanham a actuação pública de figuraços (como é o caso também de Alberto João Jardim), tratava-se de apenas mais um incidente que apenas incomodaria alguém que tivesse uma reputação a defender, o que não era propriamente o caso. Mas, para a historieta ter um remate moral, há que ler a notícia do Wall Street Journal de ontem, onde se relata um telefonema feito pela chancelerina alemã ao presidente italiano alegadamente em prol da remoção de Berlusconi do cargo de primeiro-ministro para a sua posterior substituição por Mário Monti.
Não deixará de ter o seu significado que, no meio de tanta liberdade de imprensa de que gozamos na Europa, estes furos jornalísticos comecem por despontar à superfície mas do outro lado do Atlântico… Assim como não será surpreendente constatar que, quaisquer analogias que se venham a fazer, a partir deste embaraçoso episódio, entre esta Itália tecnocrática dirigida por Monti e a República de Salò (bandeira acima: regime fascista fantoche sob tutela alemã que vigorou no Norte de Itália entre 1943 e 1945), não terá também qualquer grande amplificação mediática – imagine-se lá porquê?! A notícia, já oficialmente desmentida, a ser verdadeira, é grave, e não nos descansa quanto à intromissão dos alemães – ao jeito do regime de Vichy – nas próximas eleições presidenciais francesas de 2012…
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