A caixa de comentários do poste anterior contém um comentário muito oportuno a respeito daquilo que se pode designar por jornalismo opinativo. A essa categoria de jornalista opinativo, aquele que também aborda as opiniões dos seus entrevistados, mas que se preocupa mais em nos transmitir quais são as suas, e cingindo-me apenas aos exemplos televisivos, pode-se ascender por mérito (Mário Crespo), por antiguidade (Judite Sousa) ou por graduação (Manuela Moura Guedes). Concentrando-me no primeiro caso, Mário Crespo tem sido ultimamente guindado (e em minha opinião, de forma justificada) ao estrelato pelo desassombro (uma palavra de que ele muito gosta…) com que Crespo apresenta uma atitude inquisitiva perante os seus convidados da SIC Notícias. Suponho que o preço que Mário Crespo tem a pagar por essa fama se faça agora em respostas evasivas aos inúmeros convites que endereça.
A verdade crua é que suponho que uma boa parte dos convidados em televisão só se dispõe a lá irem para passarem a sua mensagem e não para serem interrogados com perguntas verdadeiramente interessantes. Contudo, também é de rigor que faça notar como, talvez embriagado pelo seu sucesso, tenho notado como Mário Crespo se tem tornado progressivamente cada vez mais assertivo nas suas opiniões durante as entrevistas que tem feito. Se, com jornalistas como ele, parece já se ter abandonado (felizmente) a atitude reverencial do entrevistador perante o entrevistado, torna-se necessário que se chegue agora à rectificação compensatória, em que seja um entrevistado a fazer notar delicadamente (mas com desassombro…) ao entrevistador que ele não se dispôs a ser convidado a ir à televisão, apenas para servir de pretexto para que o jornalista dê as suas opiniões…
E depois esperar que o ousado entrevistado não seja sujeito às leis do ostracismo que se costumam seguir a essas ousadias…
A verdade crua é que suponho que uma boa parte dos convidados em televisão só se dispõe a lá irem para passarem a sua mensagem e não para serem interrogados com perguntas verdadeiramente interessantes. Contudo, também é de rigor que faça notar como, talvez embriagado pelo seu sucesso, tenho notado como Mário Crespo se tem tornado progressivamente cada vez mais assertivo nas suas opiniões durante as entrevistas que tem feito. Se, com jornalistas como ele, parece já se ter abandonado (felizmente) a atitude reverencial do entrevistador perante o entrevistado, torna-se necessário que se chegue agora à rectificação compensatória, em que seja um entrevistado a fazer notar delicadamente (mas com desassombro…) ao entrevistador que ele não se dispôs a ser convidado a ir à televisão, apenas para servir de pretexto para que o jornalista dê as suas opiniões…
E depois esperar que o ousado entrevistado não seja sujeito às leis do ostracismo que se costumam seguir a essas ousadias…
Eu não podia estar mais de acordo com a forma como observa a questão do "jornalismo opinativo" e com a argúcia com que identifica não só o Mário Crespo mas também outras figuras intra-mediáticas, passe a expressão.
ResponderEliminarEntretanto, se há coisa de que o Mário Crespo tem experiência é de ter sido ostracisado, não pelos convidados mas pelas respectivas chefias na RTP, contra quem acabou por pôr um processo em tribunal de trabalho.
Lembro-me dele a deambular pelos passos perdidos daquela Cinco de Outubro tão cruel sempre para gente desassombrada...
E alegro-me que tenha feito depois disso um percurso tão honroso como o que está a fazer e que só ganhará em conter nas formas jornalísticas os impulsos opinativos, como você observa por outras palavras. Apesar de eu tolerar isso mais nas entrevistas – em que o convidado pode rebater – do que em fechos de reportagem como cobardemente alguns vão fazendo.
António Marques Pinto, já reparei que costuma ler os textos com atenção e concordará comigo que há uma diferença substancial em quem atinja o seu estatuto por mérito, por antiguidade ou por graduação...
ResponderEliminarÉ que há problemas para os quais as soluções são simples e outros que são insolúveis...