Na estrutura e na lógica como defende as suas causas (que não na área política onde se situa), Vital Moreira parece-me um excelente equivalente de Luís Delgado. Com a vantagem de Vital costumar deixar por escrito os disparates que profere. Com a vantagem adicional de Vital ser socialmente muito menos ridicularizado do que Luís Delgado, o que faz com que a comunicação social mostre um outro descuido em dar relevo aos disparates que ele escreve.
São compreensíveis os comunicados institucionais, que são quase obrigatórios, destacando os aspectos acessórios mas simpáticos, como a tranquilidade e o civismo, com que decorreram as recentes eleições angolanas. Mas, apesar de tanto defender o governo e de o fazer da maneira que o faz, que leve a que Vital Moreira possa já ser considerado uma espécie de instituição governamental, isso acontece apenas entre aspas… No seu caso, não é obrigatório que opine por conveniência, pode e deve fazê-lo por convicção.
E é preciso ser-se Vital Moreira para se vir celebrar em mais de meia página de jornal (Público) o que intitulou A Vitória de Angola. Sobretudo, o que mais me marcou foi o antetítulo: Poucas eleições africanas terão sido disputadas com tanta liberdade, pluralismo e transparência como estas. Reduzindo assim o espaço de comparação apenas a África talvez a afirmação se torne ainda mais verdadeira. O que fica por perceber é a necessidade que a comparação se restrinja dessa forma.
É que quando se escreve que um T1 na marginal em Luanda está à venda por milhão e meio de dólares, não se considera que se trata de um preço obsceno para um pais de África; é um preço obsceno em qualquer sítio do mundo!... Por um lado, lê-se aquele texto e marcam-nos os torrões açucarados de boa vontade para o futuro de Angola que foram ali escritos por Vital Moreira: …a concentração de poder no MPLA torna necessário contrabalançá-lo com práticas de escrutínio e de moderação política…
Por outro, compare-se essa doçura com o teor daquilo que se pode ler a respeito do que Vital designou na altura como o Despotismo Democrático na Madeira: …onde a maioria dita atrabiliariamente as regras do seu jogo. Parece que, nestas coisas complexas da democracia e da liberdade, qual apartheid bem intencionado, Vital utiliza um grau de exigência (ainda que disfarçado de pragmatismo) quando se trata duma democracia para os africanos e outro quando se trata duma para nós…
* O título está escrito em africânder e diz: ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS: SÓ BRANCOS. É uma alusão às placas usadas nas instalações sanitárias públicas da África do Sul no período do apartheid (acima).
São compreensíveis os comunicados institucionais, que são quase obrigatórios, destacando os aspectos acessórios mas simpáticos, como a tranquilidade e o civismo, com que decorreram as recentes eleições angolanas. Mas, apesar de tanto defender o governo e de o fazer da maneira que o faz, que leve a que Vital Moreira possa já ser considerado uma espécie de instituição governamental, isso acontece apenas entre aspas… No seu caso, não é obrigatório que opine por conveniência, pode e deve fazê-lo por convicção.
E é preciso ser-se Vital Moreira para se vir celebrar em mais de meia página de jornal (Público) o que intitulou A Vitória de Angola. Sobretudo, o que mais me marcou foi o antetítulo: Poucas eleições africanas terão sido disputadas com tanta liberdade, pluralismo e transparência como estas. Reduzindo assim o espaço de comparação apenas a África talvez a afirmação se torne ainda mais verdadeira. O que fica por perceber é a necessidade que a comparação se restrinja dessa forma.
É que quando se escreve que um T1 na marginal em Luanda está à venda por milhão e meio de dólares, não se considera que se trata de um preço obsceno para um pais de África; é um preço obsceno em qualquer sítio do mundo!... Por um lado, lê-se aquele texto e marcam-nos os torrões açucarados de boa vontade para o futuro de Angola que foram ali escritos por Vital Moreira: …a concentração de poder no MPLA torna necessário contrabalançá-lo com práticas de escrutínio e de moderação política…
Por outro, compare-se essa doçura com o teor daquilo que se pode ler a respeito do que Vital designou na altura como o Despotismo Democrático na Madeira: …onde a maioria dita atrabiliariamente as regras do seu jogo. Parece que, nestas coisas complexas da democracia e da liberdade, qual apartheid bem intencionado, Vital utiliza um grau de exigência (ainda que disfarçado de pragmatismo) quando se trata duma democracia para os africanos e outro quando se trata duma para nós…
* O título está escrito em africânder e diz: ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS: SÓ BRANCOS. É uma alusão às placas usadas nas instalações sanitárias públicas da África do Sul no período do apartheid (acima).
Eu que, à custa de ver tanta televisão, já acredito em milagres, ministros, jornalistas, economistas, bruxas e dirigentes desportivos..., sou agora obrigado a acreditar também em coincidências. Então não é que eu estava mesmo a pensar no tal Vital quando entrei no seu blogue e encontro este texto?
ResponderEliminarE porque é que eu estava a pensar nele? Porque me vêm surpreendendo alguns dos seus últimos postes.
Será que ele percebeu que já ninguém o levava a sério e que isso não convinha ao PS? Talvez. Mas, a avaliar pelo que diz o A. Teixeira, não me vou entusiasmar demais...
A língua africânder é a língua irmã do neerlandês, contudo uma língua muito simplificada pela influência dos outros imigrantes como os ingleses, franceses e a presença dos flamengos do sul. Desde 1740 já pode concluir que foi criada uma língua nova. Numa conversa entre um flamengo (ou holandês) e um sul-africano não há nenhum problema para se compreender mas tem de falar muito devagar. O africânder não só é uma língua neerlandesa simples mas também simplesmente engraçado. Principalmente a escolha de palavras e a descrição das coisas é divertida mas também lógica. alguns exemplos . Tanga =amperbroekie=apenas cuecas /elevador=hysbak= Caixa guidar /Girafa =kameelpeerd= camelo cavalo / bomba de gasolina = vulstasie = estação para encher/ cameleão=- gekleurd mannetjie= homezinho colorido.
ResponderEliminarCumprimentos de Antuérpia
O que eu tomo por mais curioso em relação a todo este episódio das eleições em Angola, António Marques Pinto, é a constatação aparente que as opiniões de Vital Moreira e Ana Gomes parecem estar bem longe de estar em sintonia.
ResponderEliminarContudo, os dias vão passando, e a segunda prima, por omissão, em não ter escrito nada até agora, no blogue que eles mantêm em conjunto...
É que consta que Ana Gomes tem fama de destravada e desbocada, de ter "o coração ao pé da boca" e de dizer o que pensa, doa a quem doer...
Olhe, talvez haja excepções...
Muito obrigado, Alfacinha, pelos esclarecimentos.
ResponderEliminarPelos exemplos que deu, vocês na Bélgica deduzem qual o significado das palavras africanderes embora não as empreguem.
Agora é sua vez de me ajudar, Alfacinha:
No caso do título que usei neste poste quando escrito em flamengo seria
"Democratische Verkiezingen: alleen blanken"?
A sua tradução é correcta, contudo é melhor que use neste contexto " enkel blanken".
ResponderEliminarPercebem as palavras africânder, mas não usem porque o neerlandês conheceu um outro desenvolvimento.
A sua tradução é correcta, contudo é melhor que use neste contexto " enkel voor blanken".
Os flamengos e holandeses percebem as palavras africânder, mas não usem porque o neerlandês conheceu um outro desenvolvimento que o africânder.
A palavra única do idioma africânder que pode encontrar no dicionário neerlandês é " apartheid" mas infelizmente todas as nacionalidades percebem esta palavra
cumprimentos de Antuérpia
Se interpretei bem o espírito do apartheid então a tradução preferivel seria "enkel blanken".
ResponderEliminarQuando se dá uma ordem - e era do que "net blankes" se tratava - não se perde tempo em explicações...
Por honestidade, devo assinalar que dia 17 de Setembro, mais de uma semana depois de ter escrito este poste e de ter aqui afixado um comentário meu (o 3º) com as minhas dúvidas sobre o silêncio "bloguístico" de Ana Gomes face às posições antagónicas de Vital Moreira, ela acabou por publicar um conjunto de postes, quase uma verdadeira reportagem sobre as eleições angolanas.
ResponderEliminarE, apesar do atraso (vou ser benigno em considerações para que ele tivesse existido) AINDA vale a pena ler o que Ana Gomes lá escreveu.
Pelo que Ana Gomes lá deixou escrito, reforço a comparação que já aqui fiz: Se aquilo foram eleições em democracia, em 1969Marcello Caetano foi um democrata.