22 novembro 2005

UM BIGODE PARA O TÓZÉ

Há descrições que, sendo mais importantes do que o personagem que é descrito, têm de o preceder para uma melhor compreensão do texto, como acontecia, por exemplo, com um texto do antigo livro da 3ª classe: De olhar vivo, focinho agudo, orelhas espetadas e cauda comprida, a raposa ladina… Também Nicolau Tolentino tinha um poema famoso: Chaves na mão, melena desgrenhada, batendo o pé no chão, a Mãe ordena…

Deve ser por causa da relevância que, às vezes, algumas pessoas atribuem à sua aparência em contraste com o resto da sua pessoa, que fica a parecer que elas se põem mesmo a jeito para serem apresentadas pela importância do que está à vista, tal qual a Mãe que procurava o famoso colchão fofo e de penas do tal poema de Tolentino.

De voz pausada, bem colocada, olhar triste e sobrancelhas em circunflexo, António José Seguro apresenta-se como uma das esperanças do PS. Há uma geração e meia, alguém que reunisse os seus predicados tinha assegurada uma excelente carreira na rádio, quiçá com incursões na televisão e no cinema – lembremo-nos de José Nuno Martins.

É sinal dos nossos novos tempos que já se tenha falado dele, a sério, para disputar a liderança do Partido. Ao menos, o bigode do José Nuno, quando o usava, era franco e farfalhudo, de forma a inspirar confiança...

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