
Este pequeno intróito a uma ciência política reles serve para estabelecer um paralelo entre o uso da palavra iníquo e da palavra mercado, já mencionada no poste anterior. Esta última tem tido uma funcionalidade de canivete suíço na defesa, quer da desregulamentação, quer de qualquer tentativa de uma melhor supervisão da maioria de quaisquer actividades económicas. Na forma tradicional, os comentários de alguma comunicação social assumem sempre o aspecto de que o mercado não gosta ou que o mercado reage mal.
Vai daí, fui à procura dele. Quero confessar que, no que diz respeito aos senhores que compõem o mercado, assim como aos membros da Academia de Hollywood que dão os Óscares e aos clientes provadores que atribuem as estrelas aos restaurantes no Guia Michelin, sou como o São Tomé: tenho que os ver. Até lá, sou sempre de opinião que, prudentemente, aquilo pode estar tudo faralhado.
Ora, posso assegurar que procurar os tais senhores do mercado na Bolsa de Lisboa é um trabalho baldado. Ou então são aqueles que lá estão e estão muito bem disfarçados, porque uma apreciável fracção deles parece desconhecer por completo o que é a taxa Tobin, um dos assuntos que, alegadamente, provocaria no mercado as tais reacções de desagrado feroz.
Não estando ali, será que o tal de mercado é como a terceira pessoa da Santíssima Trindade? É que, tal como o Espírito Santo, é mais fácil de trauteá-la (a seguir ao Pai e ao Filho) do que explicar realmente em que é que consiste…
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