19 de Fevereiro de 1919. O presidente do conselho francês é alvo de um atentado quando saía de sua casa pelas 8H30. Como legenda para a montagem acima, explique-se que Georges Clemenceau foi atingido por um primeiro disparo, mas que conseguiu entrar no automóvel que o aguardava, e que este arrancou perseguido pelo atirador que disparou por mais oito vezes enquanto a viatura se afastava à velocidade que lhe era possível. Clemenceau, que já tinha então 77 anos, fora atingido três vezes. Nenhum dos ferimentos fora fatal, mas uma das balas alojara-se num local tão sensível que os médicos preferiram não a remover cirurgicamente. Mas recuperará: quando vier a falecer, em 1929, com a bonita idade de 88 anos, as causas não se deverão a sequelas do que lhe acontecera naquela manhã de há cem anos. Quanto ao autor dos disparos, tratava-se de um jovem de 22 anos chamado Émile Cottin, que se veio a assumir várias coisas ao longo do julgamento, entre elas anarquista e bolchevique. Uma das omissões que eu acho bizarras sobre o que se escreve a seu respeito, é o que não se diz sobre o que lhe teria acontecido durante os anos da Guerra que acabara de terminar, dado que, como cidadão francês e considerada a sua idade, Cottin teria sido obrigatoriamente mobilizado, a não ser que tivesse invocado razões para ser dispensado. De facto, uma tal falha de pontaria - uma piada recorrente da época, parodiada até pelo próprio Clemenceau - indicia-o pouco treinado no uso de armas de fogo. Mas, sobretudo, o que se pode destacar do episódio é a completa falta de sintonia de pessoas visionárias como Cottin com o pensamento do cidadão médio. Ter escolhido para alvo um venerável ancião de 77 anos que corporizava naqueles tempos, como mais ninguém em França, a tão ansiada Vitória (e Desforra) sobre a Alemanha, era um absurdo. A história do que imediatamente se sucedeu ao atentado comprova-lo-á: apanhado sem munições, os transeuntes que tinham assistido aos disparos terão caído sobre Cottin e sovado violentamente o atirador. Terá sido a chegada da polícia que o terá salvo de ser linchado. É, pelo menos, plausível. Há umas vezes por outras em que o preso aparece em muito mau estado aquando da fotografia da detenção (abaixo) e até pode nem ter sido a polícia a molhar a sopa...
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