Como os das manadas, os estampidos da informação combinam o poder de destruir tudo o que se interpõe à sua passagem com o inesperado dos sentidos para onde se dirige. Há uma notícia de carácter científico posta a circular muito recentemente (entretanto já a onda de choque se terá esgotado…) que antecipa que a Terra orbitará o Sol na sua zona habitável (i.e., uma distância que permita a existência de água líquida no planeta) pelo menos durante os próximos 1.750 milhões de anos. Há quem queira dar a notícia de uma forma tranquilizadora (afinal, os dinossauros extinguiram-se há apenas 67 milhões…), mas também há quem procure extrair dela a faceta catastrofista que faz uma boa notícia.
Mas o que é mesmo interessante é ler-se o blogue de Andrew Rushby (acima), o autor principal do artigo publicado na revista Astrobiology que serviu de base para todo o desvario. Nele, Andrew explica que o valor de 1.750 milhões foi apenas um subproduto do seu estudo sobre a duração da permanência dos exoplanetas na zona habitável das suas estrelas, onde teve que recorrer, para referência e adoptando o princípio da mediocridade, ao único planeta de que há a certeza que orbita a sua estrela na zona habitável: a Terra. Esta, calculou, vogará naquela zona durante 6.290 milhões de anos enquanto nos exoplanetas conhecidos esse período poderá variar entre 4.300 milhões (Kepler 22-b) a 42.000 milhões (Gliese 581d – abaixo) de anos.
Tudo isso, para além dos lamentos de Andrew sobre como os grandes órgãos mundiais produzem informação científica, está perfeitamente disponível na fonte original, o seu blogue, mas, pergunta-se, quem é que no mundo da informação quer mesmo saber dessas merdas?...
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