É muito possível que a data de divulgação dos resultados da execução e do défice orçamental de 2013 tenham sido adaptados às conveniências eleitorais. Não seria de estranhar mas a vantagem é que, a ser verdade, o gesto seria uma admissão implícita que o executivo reconhece que os resultados alcançados são medíocres. Mas a verdade é que não é certo que o governo tenha promovido essa habilidade: faça-se notar que, há dois atrás, quando o problema da conveniência eleitoral não se poria, a data de divulgação deste mesmo indicador foi precisamente o mesmo dia 30 de Setembro. O que interessante é constatar a diferença entre os resultados alcançados em 2011 (8,3%) e 2013 (7,1%), naquilo que constituirá um desapontamento colossal quanto ao trabalho colossal desenvolvido por Vítor Gaspar e pela sua equipa para o cumprimento das metas orçamentais a que o nosso carismático e fleumático ex-ministro das Finanças se propôs. Dá-se a feliz coincidência do presente défice de 7,1% do PIB poder sintetizar a actividade daquele ministério até ao dia 30 de Junho de 2013 porque o seu ministro, Vítor Gaspar, apresentou a sua demissão precisamente no dia seguinte. 7,1% de défice orçamental torna-se assim o legado final da actividade de Vítor Gaspar para a história do difícil cumprimento das metas orçamentais impostas pela troika a Portugal. Um legado de uma tarefa que à partida já se sabia muito difícil mas que o distanciamento desapaixonado, três meses após os últimos acontecimentos (daí a escolha acima de uma fotografia menos institucional de Vítor Gaspar), já nos permite qualificar, com a mesma fleuma do avaliado e tomando em conta a escala dos sacrifícios impostos ao melhor povo do Mundo, ao melhor activo de Portugal, de fiasco colossal.
Sem comentários:
Enviar um comentário