Hoje, quando se completam 40 anos sobre a proclamação unilateral da independência da Guiné Bissau vale a pena falar de outras guerrilhas, de outras lutas de libertação nacional e de outras proclamações políticas a elas associadas que, não apenas por terem sido de certa forma menos bem sucedidas que a da Guiné-Bissau, nem sequer se ouve falar delas. Um excelente exemplo disso são as guerrilhas que se travaram ao longo do decénio que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial em qualquer dos três estados do Báltico, Estónia, Letónia e Lituânia, especialmente nesta última (exemplificado pela declaração acima). Contribuiu para o desconhecimento generalizado dessas outras lutas de libertação nacional o facto da potência colonial ser, naquele caso, a União Soviética e dos seus rivais norte-americanos se terem decidido a não investir estrategicamente nessas guerrilhas¹.
Apesar de uma cobertura vegetal (acima) favorável à manutenção de pequenas secções de guerrilheiros habilitados a perturbar o exercício da autoridade soviética, os restantes factores, a opacidade informativa que um regime totalitário como o soviético podia manter conjugada com a ausência de apoios logísticos vindos do exterior condenaram a expressão militar dos três nacionalismos bálticos a um fracasso a longo prazo. Mesmo assim, ainda se registaram episódios esporádicos – permanentemente abafados – de resistência armada durante as décadas de 1960 e 1970. E o desaparecimento da luta armada não foi acompanhada do desaparecimento do nacionalismo em qualquer daqueles países, lembrando aliás um outro exemplo do universo dos países de língua oficial portuguesa: Timor-Leste. Em 1991, os três países foram os primeiros a separarem-se da União Soviética, precedendo a implosão desta última.
¹ Possivelmente para evitar que a União Soviética retaliasse simetricamente, promovendo empenhadamente os movimentos separatistas nos estados dos Estados Unidos...
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