Esta história das televisões anunciarem que não se dispõem a fazer a cobertura das próximas eleições autárquicas tem todo o aspecto de pretender passar por uma retaliação mas parece-me que não passa de um queixume encapotado: se com aquelas regras não podem noticiar, então não noticiem. Ponto final. E os senhores jornalistas arriscar-se-ão a descobrir que, fora eles e quem quer explorar a questão politicamente, é bem capaz da esmagadora maioria das pessoas se estarem a marimbar para o assunto. Há precisamente 20 anos, Emídio Rangel, então à frente da SIC, lembrou-se de fazer um gag parecido, procurando forçar um frente-a-frente com os dois principais candidatos à Câmara de Lisboa, Jorge Sampaio e Macário Correia, no qual o primeiro se recusou a comparecer, apesar dos apelos prévios públicos, repetidos e lancinantes de Rangel no pequeno ecrã. No dia convencionado o frente-a-frente teve (de ter) lugar com Macário e com a cadeira vazia, acusadora, de Sampaio, mas isso não impediu este último de obter uma vitória retumbante no dia das eleições propriamente dito… Pelos vistos 20 anos é tempo demais em termos de memória jornalística.
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