Fotografados conjuntamente há 40 anos em Orly (que era então o principal Aeroporto de Paris), quando eram ambos novidades acabadas de estrear, o Boeing 747 norte-americano (à esquerda) e o Concorde anglo-francês (à direita) representam não só uma encruzilhada técnica e económica na História da Aviação comercial como também se tornaram nos adereços de uma daquelas disputas económicas surdas (e também pouco publicitadas…) que se travaram dentro do mesmo Bloco durante a Guerra-Fria…
Tanto o Boeing 747 (conhecido por Jumbo) como o Concorde representavam a próxima geração do transporte comercial de passageiros a grandes distâncias. O Jumbo era a evolução no sentido do aumento da quantidade de passageiros transportados por voo, o Concorde era a evolução no sentido da melhoria em qualidade, com o aumento da velocidade (ultrapassando mesmo a velocidade do som!) a diminuir significativamente a duração das viagens. Os preços de aquisição das duas aeronaves assemelhavam-se.
O Boeing 747 prosperou, enquanto o Concorde fracassou. Costuma atribuir-se a causa do fracasso do segundo ao aumento geral do preço dos combustíveis conhecido por Grande Choque Petrolífero de 1973. É falso. Os problemas para o sucesso do Concorde já se haviam levantado anos antes, quando as autoridades dos Estados Unidos, a pretexto das ondas de choque que a ultrapassagem da barreira do som iria criar, colocaram inúmeras restrições aos voos da aeronave sobre território norte-americano.
Com essas restrições, inviabilizou-se a utilização do Concorde nas rotas internas dos Estados Unidos, nomeadamente nos voos de costa a costa (ex. Nova Iorque – Los Angeles), rota onde os Concorde reduziriam a duração do voo para metade... Sendo assim, nenhuma das grandes companhias aéreas norte-americanas de então mostrou interesse em adquirir Concordes para as suas frotas. E os clientes das 20 aeronaves construídas resumiram-se às duas companhias de bandeira dos países construtores…
Mostrando preocupações ambientais precoces, os Estados Unidos conseguiram abafar administrativamente o embrião da ameaça europeia ao segmento da aviação comercial supersónica. Só depois disso é que o aumento dos custos de exploração devido ao Choque Petrolífero se fez sentir, prejudicando-o mais. Posteriormente, o aparecimento e proliferação dos pequenos jactos privados para executivos roubou ainda uma outra substancial fatia do mercado para o qual o Concorde fora inicialmente concebido.
Vencedores da disputa, tendo apostado no cavalo certo dos Jumbos, embora tendo feito batota, os Estados Unidos e os seus construtores aeronáuticos acabaram por se verem fortemente ameaçados nesse mesmo segmento através dos aviões europeus Airbus. E o Concorde, por causa de se ter tornado uma aeronave rara (20 unidades), adquiriu um protagonismo que eclipsou o antigo concorrente – o seu único acidente foi manchete em Julho de 2000 (abaixo). Mas ninguém se lembra dos 49 Boeings 747 perdidos nesse mesmo período…
Tanto o Boeing 747 (conhecido por Jumbo) como o Concorde representavam a próxima geração do transporte comercial de passageiros a grandes distâncias. O Jumbo era a evolução no sentido do aumento da quantidade de passageiros transportados por voo, o Concorde era a evolução no sentido da melhoria em qualidade, com o aumento da velocidade (ultrapassando mesmo a velocidade do som!) a diminuir significativamente a duração das viagens. Os preços de aquisição das duas aeronaves assemelhavam-se.
O Boeing 747 prosperou, enquanto o Concorde fracassou. Costuma atribuir-se a causa do fracasso do segundo ao aumento geral do preço dos combustíveis conhecido por Grande Choque Petrolífero de 1973. É falso. Os problemas para o sucesso do Concorde já se haviam levantado anos antes, quando as autoridades dos Estados Unidos, a pretexto das ondas de choque que a ultrapassagem da barreira do som iria criar, colocaram inúmeras restrições aos voos da aeronave sobre território norte-americano.
Com essas restrições, inviabilizou-se a utilização do Concorde nas rotas internas dos Estados Unidos, nomeadamente nos voos de costa a costa (ex. Nova Iorque – Los Angeles), rota onde os Concorde reduziriam a duração do voo para metade... Sendo assim, nenhuma das grandes companhias aéreas norte-americanas de então mostrou interesse em adquirir Concordes para as suas frotas. E os clientes das 20 aeronaves construídas resumiram-se às duas companhias de bandeira dos países construtores…
Mostrando preocupações ambientais precoces, os Estados Unidos conseguiram abafar administrativamente o embrião da ameaça europeia ao segmento da aviação comercial supersónica. Só depois disso é que o aumento dos custos de exploração devido ao Choque Petrolífero se fez sentir, prejudicando-o mais. Posteriormente, o aparecimento e proliferação dos pequenos jactos privados para executivos roubou ainda uma outra substancial fatia do mercado para o qual o Concorde fora inicialmente concebido.
Vencedores da disputa, tendo apostado no cavalo certo dos Jumbos, embora tendo feito batota, os Estados Unidos e os seus construtores aeronáuticos acabaram por se verem fortemente ameaçados nesse mesmo segmento através dos aviões europeus Airbus. E o Concorde, por causa de se ter tornado uma aeronave rara (20 unidades), adquiriu um protagonismo que eclipsou o antigo concorrente – o seu único acidente foi manchete em Julho de 2000 (abaixo). Mas ninguém se lembra dos 49 Boeings 747 perdidos nesse mesmo período…
Talvez a "vingança" europeia seja o A-380. Basta que o consórcio europeu consiga ser tão influente quanto o descarado proteccionismo norte-americano, quando foram os seus (i)responsáveis governantes que "pariram" a globalização...
ResponderEliminarO fim do Concorde foi o fim do glamour na Aviação Comercial. A sua retirada dos céus foi o recuar de algumas décadas. O A380 é "mais do mesmo"; nem bom nem mau. Faz-me falta ouvir o som daqueles motores, ver aquela elegância única, e saber que lá dentro, os Aviadores ainda eram Aviadores, e os passageiros ainda eram tratados como tal...
ResponderEliminarNunca sabemos o futuro dasligações Nova Deli - Pequim, até pode ser que queiram de novo o Concorde.
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