28 setembro 2010

A ALIANÇA POLACO-ROMENA

Ao olharmos para um Mapa da Europa de Leste do período entre Guerras (de 1919 a 1939), podemos apercebermo-nos da importância geográfica que representava o eixo polaco-romeno num papel pivot de contenção simultânea do expansionismo vindo de Leste, da União Soviética e do Centro, da Alemanha. No caso particular do mapa acima, datado de 1939, já depois do desaparecimento da Checoslováquia, a importância das atitudes individuais e concertadas daqueles dois países ainda se torna mais evidente. Renascendo como nação (no caso da Polónia) ou ganhando substanciais parcelas de território e população a Leste e Ocidente (no caso da Roménia, abaixo), os dois países haviam saído da Primeira Guerra Mundial como vencedores e, consequentemente, como defensores do status quo estabelecido pelos Tratados assinados depois do Conflito. E, ao contrário do que acontecera noutros casos de países nas mesmas circunstâncias (era o caso da Checoslováquia com a Polónia), não havia questões fronteiriças pendentes. A Aliança entre Polónia e Roménia conheceu três versões: uma inicial, conhecida por Convenção por uma Aliança Defensiva (1921), expressamente vocacionada para uma assistência mútua em caso de agressão contra as fronteiras orientais dos dois países – leia-se da União Soviética –, uma outra de 1926 (ratificada pelos dois signatários em 1927), agora baptizada de Tratado de Aliança para a segurança na Europa Oriental, alargando as situações de assistência mútua a qualquer ataque – leia-se agora da Alemanha… Em 1931 a Aliança foi novamente revista, passando a designar-se Tratado de Garantia. Ao longo da década de 30, mesmo depois dos nazis alcançarem o poder na Alemanha, o entendimento entre polacos e romenos manteve-se fluído, embora faltasse à parceria um poder estratégico decisivo para enfrentar simultaneamente as duas ameaças – a alemã e a russa – para a qual fora constituída. Isso tornou-se ainda mais evidente quando dos acontecimentos de 1938 que levaram ao desaparecimento da Checoslováquia. A assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop em Agosto de 1939 foi o toque de finados da eficácia do Tratado de Garantia Polaco-Romeno. Por acordo das partes, quando do início da Segunda Guerra Mundial em Setembro de 1939, a Polónia prescindiu da assistência militar directa que a Roménia lhe pudesse prestar em troca desta última lhe assegurar uma via de reabastecimentos com o exterior através dos portos romenos do Mar Negro, uma Operação que fora preparada de antemão, baptizada por Testa de Ponte Romena. Foi o caminho de fuga tomado por cerca de 120.000 soldados polacos comandados pelo Marechal Rydz-Śmigły, quando da capitulação polaca. E se, como consequência dela, a Polónia desapareceu como nação na repartição que então teve lugar, a Roménia também se viu muito maltratada, obrigada a ceder territórios à União Soviética, à Hungria e à Bulgária (1940). E em 1945, quando se restauraram as fronteiras da Europa de Leste, a Polónia e a Roménia, por pressão soviética, deixaram de ter fronteiras comuns (abaixo)… Pelo buraco criado pelo redesenho das fronteiras a União Soviética passou a ter acesso directo tanto à Hungria quanto à Checoslováquia. Um arranjo presciente, consideradas as crises de 1956 (Hungria) e 1968 (Checoslováquia).

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