Desculpar-me-ão por regressar ao filme Tootsie, uns dias apenas depois de ter falado dele, mas, para este poste, vou precisar da citação de uma frase emblemática proferida por um actor secundário daquela história, Jeff Slater (Bill Murray), que no filme era o amigo intelectual de Dustin Hoffman, o que escrevia as peças de teatro e que, quando se propiciava, adorava monologar com frases profundas para se ouvir, como por exemplo:
- Não gosto quando alguém vem ter comigo no dia seguinte e diz: “Eh pá, vi a tua peça. Impressionou-me, pá. Chorei.” Eu gosto é quando um gajo me aparece no dia seguinte, uma semana depois, e diz: “Eh pá, vi a tua peça… o que é que era aquilo?”*
Num registo mais sério, há quem tenha assistido e sobretudo participado noutras peças e, depois delas terem terminado, também ficarem com muitas dúvidas sobre o que é que era aquilo... Já John Keegan alertava em O Rosto da Batalha como os depoimentos dos veteranos, a que se deve prestar sempre toda a atenção, contêm apenas visões parcelares do que costuma ser sempre uma realidade maior e mais complexa da Guerra.
É assim que se podem propagar mitos, muitos deles falsos, mas a que os veteranos conferem seriedade com o prestígio do seu estatuto, como acontece com os da Guerra do Vietname. De acordo com o filme Platoon, realizado pelo veterano Oliver Stone, ficamos com a impressão que os soldados recrutados para combater no Vietname eram muito novos (19 anos de idade média), pobres, negros e sem educação.
As estatísticas afirmam o contrário: a idade média dos mortos foi de 23,11 anos, a sua distribuição étnica segue o padrão global da população norte-americana da época (86% brancos, 12,5% negros, 1,2% outros) e 79% dos veteranos possuem um grau de educação equivalente ao do 12º ano ou superior, o que é mais alto do que a média nacional. Há todavia um tópico que nunca foi mítico: o desfecho da Guerra…
Pela semelhança, tem sido tão surpreendente quanto interessante, seguir uma polémica (amigável) que se trava num blogue de veteranos da Guerra da Guiné onde, mesmo não se discutindo quem ganhou, ainda se discute como do lado português se poderia ainda ter perdido de uma outra forma – porque há quem defenda que ainda não se estava derrotado. Para alguns que lá estiveram, parece ainda hoje haver dúvidas o que é que era aquilo…
* Jeff: I don't like when somebody comes up to me the next day and says, "Hey, man, I saw your play. It touched me; I cried." I like it when a guy comes up to me next day, a week later, and says, "Hey, man, I saw your play... what happened?"
Num registo mais sério, há quem tenha assistido e sobretudo participado noutras peças e, depois delas terem terminado, também ficarem com muitas dúvidas sobre o que é que era aquilo... Já John Keegan alertava em O Rosto da Batalha como os depoimentos dos veteranos, a que se deve prestar sempre toda a atenção, contêm apenas visões parcelares do que costuma ser sempre uma realidade maior e mais complexa da Guerra.
É assim que se podem propagar mitos, muitos deles falsos, mas a que os veteranos conferem seriedade com o prestígio do seu estatuto, como acontece com os da Guerra do Vietname. De acordo com o filme Platoon, realizado pelo veterano Oliver Stone, ficamos com a impressão que os soldados recrutados para combater no Vietname eram muito novos (19 anos de idade média), pobres, negros e sem educação.
As estatísticas afirmam o contrário: a idade média dos mortos foi de 23,11 anos, a sua distribuição étnica segue o padrão global da população norte-americana da época (86% brancos, 12,5% negros, 1,2% outros) e 79% dos veteranos possuem um grau de educação equivalente ao do 12º ano ou superior, o que é mais alto do que a média nacional. Há todavia um tópico que nunca foi mítico: o desfecho da Guerra…
Pela semelhança, tem sido tão surpreendente quanto interessante, seguir uma polémica (amigável) que se trava num blogue de veteranos da Guerra da Guiné onde, mesmo não se discutindo quem ganhou, ainda se discute como do lado português se poderia ainda ter perdido de uma outra forma – porque há quem defenda que ainda não se estava derrotado. Para alguns que lá estiveram, parece ainda hoje haver dúvidas o que é que era aquilo…
* Jeff: I don't like when somebody comes up to me the next day and says, "Hey, man, I saw your play. It touched me; I cried." I like it when a guy comes up to me next day, a week later, and says, "Hey, man, I saw your play... what happened?"
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