Tradicionalmente o conceito de Profundidade Estratégica esteve associado à geografia física. O país ideal para a exemplificar, porque era a potência que mais a tinha, era a Rússia. Fora na Rússia profunda que o Grande Exército de Napoleão se desagregara em 1812. Era a propósito da Rússia, na sequência desse acontecimento e enquadrando esse mesmo conceito de Profundidade Estratégica que o Barão Jomini, reputado estratega teórico do Século XIX, escrevera que a Rússia é um país onde é muito fácil entrar, mas de onde é muito difícil sair...

Contudo, na Segunda Guerra Mundial o Japão tentou aplicar um outro tipo de profundidade estratégica, esta dependente dos comportamentos e não das condicionantes geográficas, tal qual veio a ser implementada no Pacífico nos anos de 1941-45, num local onde a superioridade naval dos Estados Unidos colocaria os nipónicos em desvantagem. O método consistiu em fazer com que as guarnições japonesas que ocupavam as ilhas do Pacífico disputassem as posições onde se encontrassem estacionadas até ao fim, sem cuidar de qual fosse o seu valor militar.

As baixas mortais reduziram-se substancialmente para apenas 272 apesar da guarnição japonesa ter sido devidamente exterminada: 97% dos 8 700 defensores. Foi a vez dos japoneses aprenderem que de pouco valia disputarem os locais de desembarque aos norte-americanos, quando estes estavam protegidos por uma esmagadora superioridade de fogo naval. Em Iwo Jima (abaixo), um ano depois (Fevereiro de 1945), este novo método causou 6 000 mortos ao corpo expedicionário norte-americano de 110 000 homens.

Por esta altura (o Verão de 1945) o Japão estava virtualmente derrotado porque, na realidade, se trata de uma potência sem profundidade estratégica: submetido a um apertadíssimo bloqueio naval por parte dos submarinos norte-americanos e consecutivamente atingido por colossais bombardeamentos convencionais, incapaz de se auto-sustentar quer em alimentos, quer em matérias-primas para a indústria, quer em recursos energéticos, as ilhas japonesas estariam sempre condenadas a definhar progressivamente (abaixo).

O Japão é constituído por ilhas montanhosas, que eram terrenos pouco propícios ao exercício da superioridade material em blindados, artilharia e aviação por parte do Exército dos Estados Unidos. Assim, antecipava-se que depois do desembarque se multiplicariam os combates de infantaria e estimava-se em 500 000 o número de mortos norte-americanos até ao final dos combates. Ora isso era mais do que duplicar o custo em vidas americanas naquela Guerra que até aí havia se ficara pelos 290 000 mortos...

* Conforme anunciava a propaganda nipónica, para que o Japão se desse por vencido seria preciso aniquilar os 70 milhões de japoneses. Ora, concluía a mesma propaganda, nem mesmo os norte-americanos teriam meios para exterminar os 70 milhões de japoneses…
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