
Mas embora fosse castiço ler as justificações que a senhora prestava à vizinhança sobre a presença de tanta roupa - de homem! - a secar na corda da roupa ou as compras de comida na mercearia (a versão era que o filho estava para França...), o que me marcou, a ponto de deixar recordação, era uma frase proferida pelo clandestino e que até servia de rodapé à sua fotografia que ilustrava a reportagem: - Fascista não queria ser. Spinolista não me deixavam… Recorde-se que ainda se estava numa fase incipiente da Revolução, onde ainda era aceitável reclamar-se spinolista…

Mas sinto-me com o maior à vontade para manifestar todo o meu cepticismo àqueles que justificaram depois a sua atitude através da capa de convicções políticas que uma análise cuidadosa do resto dos factos se encarrega normalmente de desmentir. Como aquele desgraçado da reportagem que invocava (improvavelmente) Spínola, ou que invocaria fosse quem desse, desde que o mesmo o fizesse não embarcar e ir combater na Guerra. Melhores na forma, as invocações da esmagadora maioria dos intelectuais oriundos das classes altas (que muitos ainda mantêm mais de 30 anos depois ...) apenas me parecem mais sofisticadas politicamente…
* Quem faltava à convocatória para cumprir o serviço militar. Aqueles que o faziam depois de o começarem a cumprir eram considerados desertores.
Ninguém reconhece que fugiu para o estrangeiro com medo ou para evitar uma morte estúpida no Ultramar.
ResponderEliminarTodos afiançam que se autocondenaram ao penoso exílio para melhor combaterem o fascismo de fora para dentro, algures num café da Bastilha ou à beira do Tamisa.
Of course!!!