04 janeiro 2018

A INDEPENDÊNCIA DA BIRMÂNIA

4 de Janeiro de 1948. Com a independência da Índia e do Paquistão, que tivera lugar a 15 de Agosto de 1947, deixara de fazer sentido para o Reino Unido manter um conjunto de outras colónias que se estruturavam à volta da Jóia do Império Colonial britânico. Quatro meses e meio depois dessa data fatídica, cumprem-se hoje precisamente setenta anos, calhava a vez da concessão da independência à Birmânia. Seguir-se-ia, um escasso mês depois (4 de Fevereiro de 1948), a independência de Ceilão (actualmente o Sri Lanka), outra colónia nas mesmas circunstâncias político-geográficas. A fotografia da cerimónia acima distingue-se - como passaria a ser tradicional nestas cerimónias - pelo contraste das indumentárias. A do último governador britânico, o major-general Hubert Rance (1898-1974), só surpreenderá quem souber da sua condição de militar que, naquela ocasião, terá preferido apresentar-se de fraque e cartola, já que o poder militar britânico nada ganharia em ser exibido naquelas circunstâncias. Quanto à do seu sucessor como chefe do novo estado birmanês independente, o sao Shwe Thaik (1894-1962), só conhecimentos mais profundos da etnografia birmanesa permitiriam sabê-lo como pertencente a uma das múltiplas e significativas minorias étnicas que iriam constituir os cidadãos do novo país - os shan. É interessante constatar também o contraste do que a vida reservaria aos dois: enquanto Sir Hubert Rance viria a ser ainda o governador da colónia de Trinidad e Tobago (1950-55) antes de se aposentar, Shwe Thaik, cujo cargo presidencial era desprovido de qualquer político, veio a falecer detido na prisão depois do Golpe de Estado de Março de 1962 que acabou por eliminar os últimos vestígios de equilíbrios políticos que o sistema político birmanês ainda possuía. Já aqui tive oportunidade de contar uma história sucinta do país.

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