03 janeiro 2012

A PERSPECTIVA AQUÁTICA DA CISÃO SINO-SOVIÉTICA

Embora as biografias que a isso se referem sejam unânimes em qualificar de deplorável a higiene pessoal de Mao Zedong, também é verdade que existe um igual consenso na referência ao seu gosto pelo banho, pela natação e pelas actividades aquáticas. Ficou famosa a sua travessia a nado do Rio Yangtzé – já por mim aqui referida neste blogue – durante a Revolução Cultural (1966). Descrita em termos hiperbólicos, não se tratou, porém, da primeira vez que o Grande Timoneiro terá utilizado as suas habilidades aquáticas como arma de arremesso contra os seus adversários políticos. Para isso, é preciso recuar cerca de oito anos, até aos preliminares do que viria a ser a grande cisão sino-soviética… Para a obstar, o líder soviético Nikita Khrushchev esteve por duas vezes (1958 e 1959) em visita à China (abaixo, uma das recepções no aeroporto com os líderes soviético e chinês e ainda Liu Shaoqi, o Presidente da China, mais à direita).
Mas a atitude de Mao como anfitrião não foi nada apaziguadora. Tendo-se apercebido que o seu homólogo soviético – cujas raízes camponesas provinham da Rússia mais profunda – não sabia nadar, recebeu-o, num dos seus encontros mais cordialmente informais, na sua residência de Zhongnanhai de roupão, toalha e chinelos, junto à piscina… O intempestivo Khrushchev teve que se resignar a entrar naquela coreografia armadilhada, mas por pouco tempo e no lado da piscina onde havia pé… Depois deixou-se ficar à borda da piscina enquanto o seu anfitrião fazia uma demonstração da sua superioridade socialista usando os vários estilos de natação - crawl, costas, bruços. Embora razoavelmente conhecido, não encontrei imagens do episódio na internet, por isso resolvi substituí-las por uma outra fotografia, também em actividades aquáticas, de Leonid Brejnev (sucessor de Khrushchev), que penso que se enquadrará perfeitamente no espírito dessa tradicional relação da Rússia com o Mar e as actividades aquáticas...

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