08 janeiro 2012

GENERALIDADES SOBRE A COMPETIÇÃO ENTRE A CHINA E OS ESTADOS UNIDOS

Na última revista The Economist de 2011 publicou-se um quadro onde se compara a evolução da economia chinesa com a norte-americana através de vários indicadores, alguns em que a primeira já ultrapassou a segunda, outros com uma previsão do ano em que isso virá a acontecer. Salvaguardando as reservas que se devem fazer quanto a essas previsões, que pressupõem o prolongamento dos ritmos de crescimento correntes, vale a pena acrescentar alguns comentários aos 15 indicadores escolhidos pela revista:

1) Desde 1999 que a China ultrapassou os Estados Unidos no consumo de aço. Porém, trata-se de um indicador vetusto, evocativo dos Planos Quinquenais, das economias socialistas e planificadas da Guerra-Fria.
2) Também o número de telemóveis, onde a ultrapassagem se deu em 2001, deixou de ter significado a partir do momento em que eles se massificaram. Aqui, até a Índia já há muito ultrapassou os Estados Unidos.

3) Pelo valor das exportações começam os indicadores de significado económico. Mas, aqui o maior exportador mundial – também entretanto ultrapassado pela China em 2009 – era a Alemanha e não os Estados Unidos.
4) A ultrapassagem em termos de valores de investimento em capital fixo, que foi registada em 2009, tem ainda mais significado que os indicadores anteriores...

5) ...assim como o valor da produção global dos produtos manufacturados, onde a China alcançou os Estados Unidos em 2010.
6) Em contrapartida, os indicadores seguintes são de consumo, seja aquele que estima o consumo total de energia em valores calóricos – onde a China ultrapassou os Estados Unidos em 2010.


7) Seja aquele indicador mais prosaico que avalia a renovação do parque automóvel através do volume viaturas novas vendidas por ano – também aqui a China já ultrapassou os Estados Unidos em 2010.
8) O indicador respeitante ao número de patentes concedidas, cuja ultrapassagem dos Estados Unidos pela China se verificou também em 2010 dar-nos-á uma informação sobre a inflexão tecnológica da economia chinesa.

9) Enquanto na evolução do comércio interno chinês, especialmente as suas vendas a retalho, só se espera que elas venham a ultrapassar em valor as norte-americanas em 2014.
10) O valor das importações equivaler-se-á previsivelmente nesse mesmo ano de 2014. Por essa altura, o peso da China no comércio mundial será já claramente superior ao dos Estados Unidos...

11) ...quanto ao valor do Produto Interno Bruto (ajustado pela paridade do poder de compra), o ano de ultrapassagem será 2016. Mesmo aí, o rendimento teórico médio de um chinês será ainda apenas 23% do de um norte-americano.
12) A manterem-se estas tendências actuais, os Produtos Internos Brutos das duas economias equivaler-se-ão, mesmo aos câmbios vigentes, por volta de 2018…

13) …e as suas capitalizações bolsistas por volta de 2020. Isso não quererá dizer que Nova Iorque seja substituída de imediato por Xangai já que esta última praça sofre a concorrência fortíssima de outras praças históricas, como a de Hong Kong.
14) Como se esta lista fosse um enredo até à felicidade, os valores do consumo agregado da economia chinesa irão superar os da norte-americana em 2023...

15) ...mas mais sombrios, os gastos com a defesa também atingirão a paridade em 2025. Será que, por causa disto, os Estados Unidos irão apostar num reforço da componente muscular da sua política externa?

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