O tema da sustentabilidade do SNS anda na ordem do dia. Apenas dois dias depois de, na SIC Notícias, Manuela Ferreira Leite me ter provocado um calafrio retrospectivo – imaginem se a senhora tivesse ganho as eleições em 2009! – com os seus critérios eugénicos e económicos para a selecção de quem pode ser submetido ao tratamento da hemodiálise, o assunto teve hoje mais outro desenvolvimento colateral. Conforme se pode ler numa notícia-anúncio do Público, há um grupo privado intitulado Trofa Saúde (acima) que decidiu promover uma campanha-canhão, baixando o preço das consultas de urgência para 30 euros. Baptizando-as por low-cost, a autora da notícia acrescenta que estas urgências incluem no seu valor um raio X (a quê?) sem relatório, mas é preciso notar que os restantes exames e outros meios complementares de diagnóstico não têm qualquer desconto… Em complemento, fica-se a saber que também estão excluídas daquela promoção as vítimas de acidentes de trabalho ou de acidentes de viação. Ou, seja, a ideia não será a de acolher as verdadeiras urgências...
Embora estes processos possam não estar ainda muito vulgarizados entre nós, compreende-se a intenção da campanha: um dos promotores compara-a na notícia a uma promoção do El Corte Inglês. Suponho é que a expressão low-cost que foi adoptada pela autora da notícia não tem qualquer cabimento. No conceito low-cost, hoje bastante divulgado por causa de certas companhias aéreas que o praticam (acima), o promotor compromete-se a prestar apenas aquilo que é o essencial do serviço – no caso, o transporte aéreo – por um preço imbatível. Ora não será bem isso que estará em causa na promoção da Trofa Saúde, que ninguém se disporá a poupar se a própria saúde estiver em risco… ainda para mais se for um médico a dizer-lho! A operação assemelhar-se-á muito mais àquelas promoções de oficinas que nos oferecem apenas por 4,99 € as substituições das pastilhas dos travões ou o alinhamento da direcção do nosso automóvel mas de onde nunca se consegue escapar sem que haja mais isto e aquilo reparado por sugestão do mecânico (– Eu, se fosse a si, não arriscava!). Isso a juntar aos pneus novos…
Embora estes processos possam não estar ainda muito vulgarizados entre nós, compreende-se a intenção da campanha: um dos promotores compara-a na notícia a uma promoção do El Corte Inglês. Suponho é que a expressão low-cost que foi adoptada pela autora da notícia não tem qualquer cabimento. No conceito low-cost, hoje bastante divulgado por causa de certas companhias aéreas que o praticam (acima), o promotor compromete-se a prestar apenas aquilo que é o essencial do serviço – no caso, o transporte aéreo – por um preço imbatível. Ora não será bem isso que estará em causa na promoção da Trofa Saúde, que ninguém se disporá a poupar se a própria saúde estiver em risco… ainda para mais se for um médico a dizer-lho! A operação assemelhar-se-á muito mais àquelas promoções de oficinas que nos oferecem apenas por 4,99 € as substituições das pastilhas dos travões ou o alinhamento da direcção do nosso automóvel mas de onde nunca se consegue escapar sem que haja mais isto e aquilo reparado por sugestão do mecânico (– Eu, se fosse a si, não arriscava!). Isso a juntar aos pneus novos…
Adenda (18H50): Algo correu mal na comunicação da campanha promocional das urgências, rebaixando a qualidade do produto. Os jornais agarraram-na bem mas houve jornalistas que se excederam no emprego do sound bite do low-cost, não apenas no Público, mas também no Diário Económico ou na Agência Financeira. Foi preciso mobilizar A Bola ou a TSF para o desmentido...
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