Que eu saiba, terá sido Lenine o primeiro a atribuir um posicionamento político a uma das diferentes partes do corpo quando empregou aquela sua famosa metáfora de que os soldados russos em 1917 haviam votado pela Paz com os seus pés… A fotografia acima pode ser considerada uma elaboração mais sofisticada desse estilo de metáfora. Podemos ver um garboso marinheiro da II República Espanhola (1931-1939). Essa identificação torna-se possível por causa do nome do navio do marinheiro que, como é tradicional, aparece no seu chapéu: Libertad.
O Liberdade era um cruzador (abaixo) que fora baptizado originalmente por Príncipe Alfonso mas que, com o advento da República, mudara de nome. Sinal de que a sua tripulação justificará os seus pergaminhos, insubordinar-se-á contra os seus oficiais que se haviam pronunciado por Franco, para regressar ao lado republicano em 1936. Na fotografia contudo, comprovando que as revoluções, começando pelo chapéu e pela cabeça, demoram a consolidar-se pelo resto do corpo, nota-se que a fivela do cinto do marinheiro ainda possuía a coroa da monarquia…
O Liberdade era um cruzador (abaixo) que fora baptizado originalmente por Príncipe Alfonso mas que, com o advento da República, mudara de nome. Sinal de que a sua tripulação justificará os seus pergaminhos, insubordinar-se-á contra os seus oficiais que se haviam pronunciado por Franco, para regressar ao lado republicano em 1936. Na fotografia contudo, comprovando que as revoluções, começando pelo chapéu e pela cabeça, demoram a consolidar-se pelo resto do corpo, nota-se que a fivela do cinto do marinheiro ainda possuía a coroa da monarquia…
Apre! É preciso ter olho de lince para vislumbrar estas coisas. :)
ResponderEliminarDesculpe, mas a chapa da fivela do cinturão exibe a coroa mural, também empregue no escudo da II República espanhola: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escudo_de_la_Segunda_Rep%C3%BAblica_Espa%C3%B1ola.svg?uselang=es
ResponderEliminarDesculpe, mas a chapa da fivela do cinturão exibe a coroa mural, também empregue no escudo da II República espanhola: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escudo_de_la_Segunda_Rep%C3%BAblica_Espa%C3%B1ola.svg?uselang=es
ResponderEliminarNão tem nada que pedir desculpa. Ajudando até o seu argumento, descobri esta página da Armada Espanhola:
ResponderEliminarhttp://www.armada.mde.es/ArmadaPortal/page/Portal/ArmadaEspannola/conocenos_historia/03_bandera_armada--10_republica_ii
Porém, uma coisa é a adopção por um novo regime republicano de um escudo de armas onde exista em posição de destaque uma coroa. Aliás nas imagens da ligação que acima deixei, a coroa parece-me tão discreta quanto deliberadamente misturada com as restantes figuras que compõem o escudo.
Porém, coisa distinta da anterior – e sobre isso infelizmente não encontrei nada que me esclarecesse apesar disto: http://foro.todoavante.es/viewtopic.php?f=239&t=4640 – é admitir que a coroa figurasse propositadamente em lugar de destaque no uniforme das praças da armada republicana… Aí, desculpe-me, mas à falta de explicação directamente contrária, mantenho a minha hipótese que a causa se deve à inércia incompetente…
Insisto, trata-se da coroa mural e não de uma coroa monárquica. Originalmente, a corona muralis dos antigos romanos era uma espécie de condecoração por bravura atribuída ao primeiro homem que conseguisse erguer sobre uma fortificação inimiga o estandarte da sua unidade e a águia romana. Tinha a forma de uma coroa em prata ou prata dourada, circular, figurando um pano de muralha com ou sem merlões, intervalado por torreões. Na realidade, a coroa mural não é, em termos herálidicos e iconográficos, uma verdadeira coroa, mas sim a representação de uma muralha, a muralha de urbe, da polis, enfim, da república, como no caso em apreço. O actual escudo da monarquia espanhola, que substituiu o do regime anterior, franquista (onde constava uma grande águia imperial negra, entre outros atributos), foi inspirado de facto no da II República, com a adição da necessária simbólica monárquica e borbónica, que inclui a coroa real (em substituição da outra, mural) e uam tripla flor de lis sobre óvulo azul, ao centro.
ResponderEliminarAtentamente,
R. Vieira
Pois eu creio que ao insistir se dispersa e perde o foco da questão - se voltar a ler o que escrevi originalmente no poste, descobrirá que o importante para o que escrevi é a decoração da fivela do cinto. Trata-se por isso de uma questão da evolução dos fardamentos dos marinheiros espanhóis da monarquia para a república e não propriamente de heráldica.
ResponderEliminarSe percebesse desse assunto - uniformes da marinha espanhola do primeiro terço do século XX - uma exibição dos seus saberes e da sua erudição teria sido muito bem vinda, com os consequentes esclarecimentos, nesta minha humilde caixa de comentários.
Esta que fez é igualmente erudita mas irrelevante para o assunto em causa.
Atentamente