02 setembro 2011

O FEUDO CRISTÃO DE TEODOMIRO

O mapa abaixo é o da Europa política no ano de 732 da nossa era. Os contornos precisos apenas cobrem metade do continente, sintoma que as estruturas políticas dos estados ainda estão numa fase de consolidação e são ainda muito incipientes. 732 é também o ano da Batalha de Poitiers, um acontecimento que a historiografia oficial europeia (i.e., francesa) aproveitou como referência para assinalar o fim da dinâmica invasora muçulmana que se iniciara em 711 com a travessia de Gibraltar pelas tropas de Tárique. O verde islâmico que no mapa cobre quase toda a Península Ibérica e o Sul de França é, por isso, uma cor fresca, com cerca de uns 20 anos de antiguidade e marcada no entretanto por múltiplos enfrentamentos entre as hostes cristãs e muçulmanas.
Porém, o mapa assinala-nos outros pormenores que as sínteses históricas sobre o Século VIII também não costumam mencionar: a sudeste da Península Ibérica, na região que corresponde hoje à Comunidade de Múrcia, aparece-nos assinalada uma entidade política indistinta onde se reconhece apenas o nome de Teodomiro. Quem era esse Teodomiro? Um nobre visigodo que, em vez de resistir aos invasores preferiu estabelecer um Tratado (de Orihuela - 713) com os invasores, preservando a sua autonomia e a prática da sua religião em troca do pagamento de um tributo de vassalagem. O feudo assim constituído ter-se-á mantido até por volta de 740. E é uma ironia da história que aquela região seja uma das da Espanha moderna em que mais se faz sentir a influência muçulmana.

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