Imaginemo-nos em Julho de 1976, onde o primeiro governo constitucional (Só!... Só!... Só PS!) toma posse (acima, no dia 23), num Verão que quase todos pretendem que seja muito mais ameno do que o do ano anterior, rubro pelas paixões do PREC. Contribuindo para esse objectivo, um entretenimento bem-vindo são as transmissões televisivas ao serão dos Jogos Olímpicos de Montreal nessa época de defeso futebolístico.
Dia 26 há toda uma vasta audiência desportiva que se dispõe a assistir à final dos 10.000 metros onde Carlos Lopes vem a alcançar o segundo lugar, sendo ultrapassado apenas na última volta pelo finlandês Lasse Viren (acima). Mas há algo na realização da RTP que falha redondamente, pois no preciso momento em que decorria a cerimónia de entrega das medalhas em Montreal (abaixo), a RTP transmitia um bloco publicitário…
No dia seguinte, Francisco Sousa Tavares assinava um daqueles seus editoriais arrasadores no jornal A Capital: em vez de se assistir à cerimónia da bandeira portuguesa a subir no mastro tivera-se direito ao lençol impecavelmente limpo com o detergente do costume e em vez da medalha ficara-nos a lata de atum de conserva… Terá sido do editoriais mais ferozes - provocado pela causa mais pueril - que alguma vez li…
Mas reconheça-se que a acutilância e a forma de expressar o ultraje de Francisco Sousa Tavares tornaram-se muito precisos nestes dias que correm. Quem sou eu para o emular mas, tentando copiar-lhe o estilo, poderia escrever qualquer coisa como: Em vez de se pronunciar sobre a conduta passada do presidente do governo madeirense, Cavaco Silva preferiu fazê-lo sobre as expectativas para o futuro de um ruminante açoriano…
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