05 setembro 2011

GOVERNOS EFÉMEROS E INSTABILIDADE POLÍTICA

Quando alguém se refere à precariedade dos governos, o exemplo internacional clássico que se costuma evocar é o da Itália do pós-Guerra, a da Primeira República (1946-1992), onde houve 48 ministérios durante os seus 46 anos de duração – uma média sensivelmente equivalente à de um governo por ano... Aliás, tal ritmo costuma ser o preâmbulo e o pretexto para algumas reflexões sobre o impacto negativo dessa instabilidade política na definição das estratégias nacionais e no desenvolvimento económico das nações…
De entre as pessoas que terão prestado atenção à discreta notícia da recente tomada de posse de mais um novo Primeiro-Ministro japonês (de seu nome Yoshihiko Noda) não sei quantas se terão apercebido de que Noda é o sétimo primeiro-ministro novo que aquele país conhece nos últimos 5 anos, depois de Junichiro Koizumi (2001-06), Shinzō Abe (2006-07), Yasuo Fukuda (2007-08), Taro Aso (2008-09), Yukio Hatoyama (2009-10) e Naoto Kan (2010-11).

Trata-se, aliás, uma tradição antiga da política japonesa. Uma consulta à História recente do Japão e o número de governos por década tem sido: 1911-20 (7), 1921-30 (9), 1931-40 (11), 1941-50 (11), 1951-60 (9), 1961-70 (4), 1971-80 (7), 1981-90 (7), 1991-2000 (9), 2001-11 (10), numa duração que é mais elevada apenas em 3 meses do que a italiana. Durante esses 100 anos o Japão passou por dois objectivos estratégicos distintos, de um imperialismo clássico (até 1945) à de uma grande potência económica...
…e a aparente instabilidade política não parece ter influído sobremaneira na prossecução desses dois objectivos nacionais. Às vezes, quem discorre sobre regras de Ciência Política mostra possuir umas palas nos olhos quanto aos exemplos internacionais de que se socorre para as sustentar. Para ilustração, ficam as fotografias de dois antigos primeiros-ministros muito pouco recomendáveis, de um e outro país: Giulio Andreotti (1919- ) acima, e Kakuei Tanaka (1918-1993).

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