19 abril 2011

O QUE PREGA O CAMARADA TOMÁS QUANDO ESTÁ NO PODER OU QUANDO NÃO O QUER ASSUMIR…

O Partido Comunista Português é, de entre os partidos políticos portugueses, aquele que possui a história mais antiga e simultaneamente a história mais vasta. A história mais antiga porque foi fundado em 1921, há já 90 anos, e a história mais vasta porque a sua história dos primeiros 70 desses 90 anos se conjuga com uma vasta rede de solidariedades cúmplices com os partidos-irmãos que, no resto do Mundo, professavam a mesma ideologia marxista-leninista. Será por ser assim tão exposta que os militantes comunistas gostam de tratar a história do seu partido com tanto desvelo. Mas às vezes vale-lhes a ignorância do passado…

Actualmente, têm sido divulgadas as posições radicais do PCP à formalização de um acordo com o FMI: O PCP rejeita o seu envolvimento num processo que constitui uma inaceitável atitude de abdicação e submissão nacional. Para eles, o resgate do FMI é um engano e uma ingerência e não é inevitável. Para sustentar esta última afirmação, certamente no PCP ter-se-ão descoberto várias soluções alternativas que, infelizmente, ainda não se conheciam há uns 30 anos atrás – adivinha-se como se modernizaram as teorias financeiras marxistas-leninistas num verdadeiro turbilhão fervilhante de actividade intelectual…

Se acima me referi a 30 anos foi porque em 1981, a Polónia, onde então estava no poder o POUP, um partido-irmão do PCP, pediu o seu reingresso ao FMI (que abandonara na década de 1950) para, fazendo de novo parte da organização, poder beneficiar de um plano de resgate financeiro¹ – um engano! Em 1982, foi a vez da Hungria e do partido-irmão nacional, o PSOH, beneficiarem da admissão e do seu próprio plano de resgate financeiro¹ – uma ingerência! Anteriormente, havia sido a Roménia e ainda mais outro partido-irmão, o PCR – o que era evitável! Que pena os partidos-irmãos não terem tido a lucidez deste nosso PCP actual…

Aparte as ironias, falando sério e embora hoje ande esquecido, sempre foi notório como a dialéctica marxista-leninista podia fazer com que os partidos comunistas preconizassem soluções antagónicas conforme fossem eles o governo ou estivessem na oposição. Falando com a seriedade que essas coerências sempre devem merecer (Não Apaguem a Memória!) e para empregar um ditado popular nacional conjugado com uma lógica ideológica internacional marxista-leninista: bem prega o camarada Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele fez

¹ Se tanto a Polónia como a Hungria não fossem países membros do Fundo Monetário Internacional as condições dos respectivos planos de resgate – a existirem – seriam necessariamente muito mais severas…

2 comentários:

  1. Gostei da expressão «verdadeiro turbilhão fervilhante de actividade intelectual…».
    Bom post, como sempre.

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  2. Obrigado.

    Não sei se reparou como o PCP nos tem brindado com "verdadeiras bibliotecas" de trabalhos investigando as causas pelas quais aquele seu modelo inicial terá falhado - isto para empregar a expressão ortodoxa.

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