21 abril 2011

ANATOMIA DE UM INSTANTE

Anatomia de um instante é um livro de Javier Cercas de 2009 sobre a tentativa de golpe de Estado que teve lugar em Espanha em 23 de Fevereiro de 1981 e que se costuma designar correntemente por 23F. O livro foi editado em Portugal em Janeiro deste ano. Este poste não é sobre o livro – que ainda não acabei de ler – nem sobre o golpe propriamente dito, trata-se apenas uma reflexão sobre o que nos separa dos espanhóis quando se comparam as capas das edições – a portuguesa e as espanholas.
Enquanto na D. Quixote, a editora em português, se preferiu usar para capa a fotografia consagrada do Tenente-Coronel Tejero Molina de pistola na mão e braço ao alto (acima), as duas edições espanholas, tanto em castelhano como em catalão, usam uma outra fotografia do momento do assalto às Cortes espanholas. Nessa outra capa pode ver-se a bancada do governo nas Cortes (a primeira fila, onde as cadeiras são de cor diferente) onde se vislumbra um Adolfo Suarez personificando a solidão…
Torna-se evidente que, por muito que os catalães insistam em passarem-se por distintos, também eles compartilham uma cumplicidade histórica com o resto da Espanha que a nós, portugueses, que até vivemos na mesma península, nos passa ao lado. Nós não nos apercebemos como o 23F foi muito mais complexo que um Tenente-Coronel aos tiros, assim como eles não se apercebem que o 25 de Abril de 1974 foi muito mais complexo que uns militares a passearem-se por Lisboa sem haver tiros e com cravos nas armas…

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