04 julho 2010

CADÁVERES NA BAGAGEIRA

No submundo criminoso, especialmente no norte-americano, deixar o cadáver na bagageira de um carro tornou-se um gesto consagrado depois do fim da Guerra (quando as bagageiras passarem a ter espaço para acomodá-los…) de dar publicidade a um assassinato sem que os seus autores se expusessem em demasia (acima, um caso desses em 1955 em Chicago): a polícia era anonimamente informada onde é que podia ir levantar a encomenda
Depois, os grupos terroristas urbanos, activos nos países ocidentais durante as décadas de 60 e 70, apropriaram-se do método quando precisaram de dar publicidade às execuções dos reféns que haviam raptado. O primeiro caso (acima) foi o do ministro canadiano Pierre Laporte, raptado e posteriormente executado por um comando da Frente de Libertação do Quebec (FLQ) em Outubro de 1970. Seguiu-se o caso de Hans-Martin Schleyer em Outubro de 1977.
Schleyer era o presidente da confederação patronal da Alemanha Federal. Os autores do seu rapto e execução pertenciam à RAF (Fracção do Exército Vermelho), também conhecida por Grupo Baader-Meinhoff, a que já aqui me referi. Sete meses depois disso, em Maio de 1978, foi a vez doutro caso também muito mediático: Aldo Moro, um antigo primeiro-ministro italiano, que foi raptado e executado pelos membros da Brigadas Vermelhas.
Por curiosidade, veja-se o contraste entre as bagageiras escolhidas pelos terroristas alemães (a de um Audi 100) e italianos (a de uma Renault 4)... Isto para não referir já o aparente rigor científico (fotográfico, nos caso) que parece rodear a investigação do primeiro quando em comparação com o exuberante caos que parece estar estabelecido à volta da segunda…

1 comentário:

  1. Desconhecia a exitência da Frente de Libertação do Quebéc e muito menos que pudesse fazer uma dessas coisas.
    Estereótipos na cabeça do João Moutinho que pensava que o Canadá sendo muito "europeu" estaria longe dessas coisas.

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