Vale a pena descrever como era o ambiente de outrora das bancadas de um jogo de rugby em que o Benfica jogasse em casa. O Benfica tinha uma claque que os outros clubes apenas podiam invejar… Só que, enorme em número para um jogo da modalidade, a esmagadora maioria da assistência apenas conseguia rivalizar entre si na demonstração da sua lealdade benfiquista, ao mesmo tempo que demonstrava ser completamente ignorante quanto às regras do jogo que assimilava a um campeonato de boxe e full-contact colectivo, passando o jogo a incentivar as suas camisolas com gritos aguerridos de dá-lhe!, arreia-lhe! ou força! mostrando não perceber nada do que se estava a passar em campo.
Anteontem lembrei-me dessa claque do Benfica. Não propriamente pelo número de apoiantes mas pelo domínio técnico do assunto quando a jornalista São José Almeida escreveu sinteticamente no começo do seu artigo do Público: Rui Ramos lamenta que em Portugal a História seja vista "a preto e branco, ou esquerda ou direita". E que se conviva mal com diferentes interpretações do passado. Mas outros historiadores vêem na mais recente História de Portugal, coordenada por este autor, um discurso que desculpabiliza o Estado Novo e diaboliza a I República. Há mesmo quem fale em "legitimação" do regime de Salazar. E quem acuse esta História de ignorar a violência daqueles anos.
Anteontem lembrei-me dessa claque do Benfica. Não propriamente pelo número de apoiantes mas pelo domínio técnico do assunto quando a jornalista São José Almeida escreveu sinteticamente no começo do seu artigo do Público: Rui Ramos lamenta que em Portugal a História seja vista "a preto e branco, ou esquerda ou direita". E que se conviva mal com diferentes interpretações do passado. Mas outros historiadores vêem na mais recente História de Portugal, coordenada por este autor, um discurso que desculpabiliza o Estado Novo e diaboliza a I República. Há mesmo quem fale em "legitimação" do regime de Salazar. E quem acuse esta História de ignorar a violência daqueles anos.
Confesso ter um interesse limitado pela História de Portugal do Século passado. Acontece até que quando abri recentemente a referida História de Portugal de Rui Ramos numa livraria apenas para lhe dar uma vista de olhos, deu-se o azar de ter descoberto logo uma referência a Adelino Amaro da Costa que estava factualmente errada... Mas não vejo razões sensatas para contestar os benefícios da existência de uma pluralidade de interpretações devidamente fundamentadas sobre aquele período como ele defende. Como no rugby, é uma questão de gostar do jogo. E São José Almeida, pela organização que deu ao artigo que assina, parece só lhe interessar que os dela são os que jogam com a camisola vermelha…
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