10 junho 2010

GRANDES MEMORIAIS A GRANDES FIGURAS ANTIPÁTICAS DA HISTÓRIA UNIVERSAL

A respeito de um poste que inseri mais atrás, onde aludo a uma pergunta que então me coloquei (comparando Napoleão e Hitler) mas que veio a ser respondida de forma diversa por um comentador que discorda frontalmente de mim, gostaria de dar um exemplo de uma outra figura histórica que comprova como a conjugação de necessidades ideológicas e políticas com o poder de esquecimento provocado pelo tempo acaba por amenizar figuras que gozaram em vida das reputações mais sinistras da História.
Gengis Khan (1162-1227) conquistou o maior império terrestre contíguo que a História regista (acima, clicar em cima da imagem para assistir à expansão). Tão grande quanto o império era a sua terrível reputação, medida pelas consequências demográficas das conquistas dos seus exércitos mongóis – com a redução para metade da população da China, do Irão, da Hungria, etc. A Mongólia é hoje um país remoto e pouco povoado, mas o orgulho no gigantesco monumento dedicado ao seu filho mais célebre (abaixo) é indisfarçável…

Daqui por 750 anos, é possível que ainda haja alemães mas quem se importará com as malfeitorias de Adolf Hitler?...

4 comentários:

  1. 1.º- Quando escrevi «inanidade», ainda estive para ir ao dicionário (como costumo fazer sempre que tenho dúvidas)para ver se era isso mesmo que eu queria escrever. Mas fui preguiçoso e pago por isso. Seria «insanidade» a palavra em questão?
    2.º- Continuo a discordar. Até porque o tempo (já que invoca uma figura dos séc. XII e XIII) tem aqui importância.
    O Hitler não era um mongol daquele tempo, era um chefe de uma das «nações polidas e civilizadas da Europa» e o que aconteceu também choca por isso. E claro que a mesma circunstância tem outra importância: o tempo está próximo. E eu só espero que tal proximidade se mantenha sempre.
    3.º- Mas, enfim, tal como diria o Herman, eu sou mais Beatles.
    4.º- Esta discordância não retira prazer nenhum à leitura dos seus textos.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Teixeira,
    Contínuo a ser um leitor habitual no seu blog, o qual já muitas vezes elogiei de forma sincera - mesmo que procurando aligeirar o ambiente.
    Mas não percebo a sua +erpsectiva sobre o Hitler ou o que os futuros alemães possam pensar dele.
    A grande maioria dos alemães considera o nazismo uma aberração na sua História e que ainda hoje obriga a nação a (tentar) autojustificar-se.
    Mesmo o Gengiscã ou Átila poderão ser heróis para os mongóis ou húngaros, mas isso refere-se a uma época em que isso "poderá" ser justificado. Mesmo a comparação entre Napoleão e Hitler não me parece correcta, nem penso que de alguma forma o possa ser.

    ResponderEliminar
  3. Podemos continuar esta conversa discordando e com muita calma. Como diria o meu filho mais novo: "o que é preciso é calma".

    Eu não queria transformar o processo num leilão, mas se lhe propuser como data os finais do Século XXVII como referência (1945+750) e não o Século XXII como havia “profetizado”, o Zé Dias da Silva já poderá aceitar que por essa altura a reputação de Adolf Hitler já esteja suficientemente diluída para que aqueles escassos 12 anos do III Reich (1933-45) sejam vistos com sobriedade?

    Quem é que hoje se lembra no Irão, no Iraque, na Rússia ou na Hungria que os mongóis terão dado cabo de metade da população local?

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  4. Continuando com a mesma calma do comentário anterior, vou tentar explicar-me melhor, João Moutinho. Dois dos erros mais comuns nas análises históricas retrospectivas são:

    a) Analisar os acontecimentos passados pelos valores sociais actuais
    b) Considerar o processo histórico como um encadeamento de factos que culminam com a situação presente.

    Concretizando no primeiro caso, não tenho dúvidas que, se o João Moutinho vivesse no Portugal dos Séculos XVI ou XVII, só por circunstâncias muito excepcionais é que não consideraria os protestantes como seus inimigos ideológicos, assim como consideraria a escravatura dos negros uma coisa normal. 400 anos depois, seria absurdo que pensasse assim.

    É mais difícil concretizar o segundo caso, mas os raciocínios implícitos quando se fala da Teoria da Evolução das Espécies de Darwin servem perfeitamente, porque as histórias costumam acabar com o aparecimento do Homo Sapiens Sapiens (nós). Ora a verdade é que o Homo Sapiens Sapiens também se irá extinguir, porque a evolução das espécies continua…

    Aquilo que o João Moutinho escreveu padece desses dois erros, o que é inconveniente nas análises históricas prospectivas. Primeiro, não sabe – nem ninguém de resto saberá – quais serão os valores das sociedades futuras – até pode ser que o fascismo reemerja… Segundo, no futuro o tempo tenderá a atenuar a importância do genocídio do nazismo que deixará de fazer parte dos últimos capítulos da História.

    O que ficará para a História futura é que nos Séculos XVIII e XIX, a maior potência da Europa, a França, com Luís XIV e Napoleão, tentou alcançar a hegemonia continental e no Século XX, a Alemanha, que entretanto a ultrapassara, com Guilherme II e Hitler tentou fazer a mesma coisa. Depois disso, de uma forma mais pacífica, recorrendo à economia e às finanças, a Alemanha terá tornado a tentar a mesma coisa na viragem do Século XX para o XXI. Essa parte da história ainda não sei como termina…

    ResponderEliminar