Ontem, a meio da entrevista a José Sócrates no seu novo programa Sinais de Fogo, ouvi Miguel Sousa Tavares dizer …a divida consolidada do Estado já está praticamente nos 100% do PIB… (pode ouvir-se acima, aos 27:30). Ou aquele praticamente tem uma elasticidade como as de Vasco Pulido Valente, o que parece ser improvável dada a pública amizade que os liga, ou então Miguel Sousa Tavares estava a fazer confusão – que não se esclareceu¹ – entre dívida pública, dívida do Estado e dívida externa.
E torna-se quase ternurento quanto se pode ler hoje, nas apreciações a respeito daquela reaparição de Miguel Sousa Tavares na televisão, a opinião que A ideia de que não domina os assuntos, é uma imagem de marca do MST desde sempre. É também um estilo... Talvez seja, mas por aquilo que tenho vindo a observar aqui e ali entre os seus colegas de profissão, esse estilo de mostrar não perceber grande coisa do assunto de que está a tratar não lhe conferirá uma grande individualidade distintiva entre a classe…¹ É evidentíssimo que, se aquela mesma confusão tivesse sido feita por José Sócrates, o erro teria tido todo um outro tratamento jornalístico… Nesta notícia recente e não muito pró-governamental do i pode ler-se que a dívida pública representou 76,6% do PIB em 2009, o número que José Sócrates engoliu para a entrevista e que refere posteriormente.
Esta galeria de estilistas opinantes é uma verdadeira delícia.
ResponderEliminarQual será o(a) próximo(a)?
Pois! A galeria é catita. Embora, na minha santa ignorância me pareça que há uns mais iguais do que outros. Mas o que me parece também não interessa nada.
ResponderEliminarAh! Também gostei do "estilistas opinantes" do JRD.
:)))
A Galeria comete a injustiça de não ser metódica, pois há jornalistas que cometem erros idênticos senão mesmo piores aos cometidos por aqueles que já lá estão mas não tenho paciência para os seguir: Judite Sousa ou Márcia Rodrigues são dois bons exemplos disso.
ResponderEliminarNesse aspecto, as críticas do Eduardo Cintra Torres serão mais justas, pois ele é pago para vê-los a todos.
A Galeria não comete a injustiça de ter alguém eleito por qualquer questão de opinião. O que os qualificou para aquele lugar foram asneiradas factuais, nomeadamente episódios de ignorância monumental sobre os assuntos de que estavam a tratar.
Neste aspecto e passe a imodéstia, as minhas críticas serão mais justas que as do Eduardo Cintra Torres, pois há critérios objectivos associados aos “eleitos”.
Dívida pública ou dívida do estado são a mesma coisa.
ResponderEliminarNa dívida pública consolidada consideram-se as dívidas escondidas - empresas públicas, parcerias público-privadas, empresas intermunicipais - e nesse caso os 76,6% do PIB em que fala ultrapassam em muito os 100%.
É óbvio que dívida pública e dívida consolidada do Estado não são a mesma coisa, senão não precisaríamos de lhes dar nomes distintos, nem se mencionariam (como foram mencionados) valores distintos para os dois indicadores, o segundo maior que o primeiro.
ResponderEliminarNo primeiro caso estamos a falar de dívidas assumidas directamente pelo Estado, no outro de responsabilidades assumidas directamente ou indirectamente por esse mesmo Estado. Bizantina que lhe pareça a diferença, produz indicadores diferentes, e o segundo, que não me lembro de ter ouvido a ser usado correntemente, só recentemente se tornou um "sound-bite" político e jornalístico nacional, porque terá atingido os 100%... (http://aeiou.expresso.pt/divida-consolidada-do-sector-publico-representa-100-do-pib=f556407)
Foi aliás precisamente o que aconteceu na entrevista de Sousa Tavares a José Sócrates...
Mas nos outros países o indicador da “dívida consolidada do Estado” raramente foi usado, muito embora esses países tenham também enormes “dívidas escondidas” (como lhes chamou). O que é que acha, por exemplo, que mantém a Alitália ou a Air France-KLM a voar?
Já agora, comparando o que pode ser comparável, certifique-se que, proporcionalmente ao PIB, a nossa dívida pública (76,6%) é ligeiramente inferior à francesa (77,9%) (http://cluaran.free.fr/dette.html) e muito inferior à italiana (105,8%) (http://www.dt.tesoro.it/it/debito_pubblico/_link_rapidi/debito_pubblico.html)
Olhe que, se quiser estar mesmo bem informado, há muita informação disponível na internet antes de se ser assim disparatadamente assertivo nas caixas de comentários alheias, António da Silva Brandão.
Exactamente, afinal parece que o MST não estava assim tão equivocado.
ResponderEliminarQuando disse que MST «estava a fazer confusão – que não se esclareceu¹ – entre dívida pública, dívida do Estado e dívida externa» pareceu-me equivocado. Ao que disse acrescento ainda este link http://blog.newsweek.com/blogs/wealthofnations/archive/2010/02/19/greece-is-far-from-the-eu-s-only-joker.aspx.
Continue com o blogue, um dos melhores da blogosfera.
Cumprimentos de um fiel leitor.