Só mesmo maduros que se interessem pelos detalhes da Segunda Guerra Mundial é que já terão ouvido falar da Operação Vento Norte (Nordwind), a última Ofensiva dos alemães na Frente Ocidental que teve lugar em Janeiro de 1945. O local foi a Alsácia e o objectivo era a reconquista de Estrasburgo, a sua capital. Desencadeada com um frio intenso e sob a cobertura de um tempo nublado para impedir os Aliados de exercerem a sua superioridade aérea esmagadora, a ofensiva acabou por vir a fracassar.
Entretanto conseguira criar uma crise política entre os Aliados… Que se passara? Mesmo sem se ser especialista, com a ajuda dos três mapas abaixo, fica-se a perceber como o desenvolvimento da ofensiva da Nordwind estava a deixar a cidade de Estrasburgo (que aparece assinalada nos 3 mapas) numa situação exposta, ameaçada nos dois flancos pelas posições alemãs e passível de ser cercada. Qualquer manual de ciência militar recomendaria que se evacuasse a posição e foi isso mesmo que o General Eisenhower queria fazer.
O problema é que a posição a evacuar era uma cidade que se chamava Estrasburgo... Conquistada por Luís XIV para a França em 1681, perdida em 1871, recuperada em 1919, de novo perdida em 1940, as unidades militares francesas praticamente haviam acabado de chegar para a libertar: 23 de Novembro de 1944. Era impossível que o poder político francês aceitasse a decisão sem a contestar. O facto daquele poder ser à época protagonizado por uma pessoa como Charles de Gaulle deu ao episódio um retoque especial.
Antes da reunião, já de Gaulle telegrafara para Roosevelt e Churchill informando-os que não aceitaria o abandono da Alsácia e que ordenara às tropas francesas que tomassem à sua responsabilidade a defesa de Estrasburgo. Porém, o local da reunião é esclarecedor sobre as relações de poder entre os dois protagonistas: foi no gabinete de Eisenhower no SHAEF, então instalado em Versalhes. Tendo deixado memórias distintas da forma como decorreu a reunião os dois são unânimes quanto à violência do embate.
Entretanto conseguira criar uma crise política entre os Aliados… Que se passara? Mesmo sem se ser especialista, com a ajuda dos três mapas abaixo, fica-se a perceber como o desenvolvimento da ofensiva da Nordwind estava a deixar a cidade de Estrasburgo (que aparece assinalada nos 3 mapas) numa situação exposta, ameaçada nos dois flancos pelas posições alemãs e passível de ser cercada. Qualquer manual de ciência militar recomendaria que se evacuasse a posição e foi isso mesmo que o General Eisenhower queria fazer.
O problema é que a posição a evacuar era uma cidade que se chamava Estrasburgo... Conquistada por Luís XIV para a França em 1681, perdida em 1871, recuperada em 1919, de novo perdida em 1940, as unidades militares francesas praticamente haviam acabado de chegar para a libertar: 23 de Novembro de 1944. Era impossível que o poder político francês aceitasse a decisão sem a contestar. O facto daquele poder ser à época protagonizado por uma pessoa como Charles de Gaulle deu ao episódio um retoque especial.
Antes da reunião, já de Gaulle telegrafara para Roosevelt e Churchill informando-os que não aceitaria o abandono da Alsácia e que ordenara às tropas francesas que tomassem à sua responsabilidade a defesa de Estrasburgo. Porém, o local da reunião é esclarecedor sobre as relações de poder entre os dois protagonistas: foi no gabinete de Eisenhower no SHAEF, então instalado em Versalhes. Tendo deixado memórias distintas da forma como decorreu a reunião os dois são unânimes quanto à violência do embate.
Para Eisenhower, a situação era clara do ponto de vista militar e, desse ponto de vista, a sua decisão era completamente inatacável. A isso adicionou que, para a precariedade da situação, contribuía a incapacidade das unidades do exército francês em conseguir eliminar a bolsa de Colmar de onde os alemães continuavam a ameaçar Estrasburgo pelo Sul, a que não seria estranho o facto dos franceses manterem essas unidades com os seus efectivos incompletos, ao contrário do que haviam prometido.
A esta descompostura do norte-americano deu de Gaulle uma réplica tipicamente francesa, reafirmando a sua disposição de defender Estrasburgo por tropas francesas, mesmo que fosse a custo de as fazer abandonar a cadeia de comando dos Aliados (Eisenhower). Os ânimos já estavam exaltados e este último não deixou de fazer notar ironicamente ao seu interlocutor que, sendo assim, as tropas francesas deixariam de receber reabastecimentos (alimentos, munições e combustível) o que as tornaria rapidamente inúteis.
A esta descompostura do norte-americano deu de Gaulle uma réplica tipicamente francesa, reafirmando a sua disposição de defender Estrasburgo por tropas francesas, mesmo que fosse a custo de as fazer abandonar a cadeia de comando dos Aliados (Eisenhower). Os ânimos já estavam exaltados e este último não deixou de fazer notar ironicamente ao seu interlocutor que, sendo assim, as tropas francesas deixariam de receber reabastecimentos (alimentos, munições e combustível) o que as tornaria rapidamente inúteis.
Era demais para de Gaulle: – Em retaliação, a França, no seu furor, retiraria aos Aliados a utilização das suas redes de comunicações e de caminhos-de-ferro, elementos essenciais para a continuação das suas operações! A ameaça não deixava de ser patética depois de quatro anos de ocupação alemã quando o furor gaulês não conseguira fazer grande coisa para impedir a utilização que os ocupantes germânicos haviam feito daquelas duas redes, mas Eisenhower, mais do que um general, era sobretudo um gestor de equilíbrios.
Afinal Estrasburgo não chegou a ser evacuada nesse Inverno de 1945... Este episódio, que não passa de uma nota de rodapé da grandiosa epopeia que foi a Segunda Guerra Mundial, tornou-se porém num bom exemplo de como há circunstâncias excepcionais em que a potência hegemónica numa grande coligação (era então o papel dos Estados Unidos no SHAEF, que incluía também britânicos, canadianos, franceses, polacos, etc.) tem de tomar em consideração os interesses que os seus aliados consideram fundamentais…
Afinal Estrasburgo não chegou a ser evacuada nesse Inverno de 1945... Este episódio, que não passa de uma nota de rodapé da grandiosa epopeia que foi a Segunda Guerra Mundial, tornou-se porém num bom exemplo de como há circunstâncias excepcionais em que a potência hegemónica numa grande coligação (era então o papel dos Estados Unidos no SHAEF, que incluía também britânicos, canadianos, franceses, polacos, etc.) tem de tomar em consideração os interesses que os seus aliados consideram fundamentais…
"Le Grand Charles" nunca foi fácil de aturar... nem pelos aliados. Roosevelt bem o sabia!
ResponderEliminarJá os soviéticos davam uma importância diferente à dos seus aliados polacos.
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