Victor Victoria é o título de uma conhecida comédia musical de 1982. O filme tem por protagonistas Julie Andrews, James Garner e Robert Preston. A acção decorre em Paris em 1934, mas o realizador (Blake Edwards) não se aproveita desse facto para as poucas cenas exteriores que o filme contém (o filme veio até a ser adaptado para peça musical).
A razão principal para que a acção se situe em Paris está no argumento: uma cantora talentosa desempregada vê-se catapultada para a fama fazendo-se passar por um cantor homossexual que canta números musicais como se fosse um travesti... Julie Andrews até nem faz um papel muito convincente personificando um homem, embora o filme valha como musical.
O que é indispensável para a credibilidade do filme é a existência de um meio artístico exótico, semi-clandestino mas tolerante à homossexualidade e a outras peculiaridades, onde artistas marginais pudessem ser aceites e distinguirem-se. E isso, como todos os outros vícios, são sofisticações da Velha Europa, intoleráveis nos puritanos Estados Unidos da América.
As fotografias que ilustram este poste – da autoria de Brassaï – são típicas desse meio parisiense dessa época. Seleccionei uma de uma prostituta de gabarito médio, outra de um cabaret para lésbicas chamado Le Monocle, uma terceira de clientes de uma casa de ópio e um baile de carnaval com drag queens que se realizava num salão chamado Magic-City.
No vídeo abaixo, num trecho musical de Victor Victoria, Robert Preston interpreta para um auditório desse meio uma canção com um título mais cúmplice do que propriamente equívoco – Gay Paree. Porém, e como seria de esperar, as fotografias mostraram-nos como a realidade da época era muito mais baça e escusa do que aquela que nos é transmitida pelo filme...
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