Confesso que, mais do que as conversas rapidinhas de táxi, travadas enquanto se vai daqui para ali, agora num destaque controverso por causa do primeiro-ministro norueguês, o que me interessa mais são as dinâmicas de conversa que se geram entre companheiros daquelas viagens longas de várias horas a fio. Nas imagens abaixo, retiradas de uma cena de As Good as It Gets (1997), precisamente no inicio de uma dessas extensas viagens onde, ainda por cima, se reúnem três estranhos, apercebemo-nos (aos 2:15) que Jack Nicholson montara uma esquema de várias play-lists alternativas conforme a evolução da disposição dos passageiros, para que elas se substituíssem à incomodidade do provável silêncio.
Mas o meu episódio favorito a este respeito passa-se na BD, numa aventura protagonizada por Martin Milan (de Christian Godard), que aparece na sua sempiterna função de piloto de táxi aéreo, mas neste caso operando entre as ilhas do Pacífico Sul, em viagens de horas intermináveis, transportando – para empregar as suas próprias palavras (abaixo) – material agrícola de um lado para o outro ou um homem de negócios daqui para ali. Originalmente, Martin confessa preferir os homens de negócios porque com eles sempre podia conversar, mas depois de uma viagem de seis horas com um a quem apenas ouviu um anódino Está um belo tempo para a época, não está?, passou a preferir os caixotes de material agrícola…
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